Sonetos sobre Esposas

4 resultados
Sonetos de esposas escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Adamastor Cruel! De Teus Furores

Adamastor cruel! De teus furores
Quantas vezes me lembro horrorizado!
Ă“ monstro! Quantas vezes tens tragado
Do soberbo Oriente os domadores!

Parece-me que entregue a vis traidores
Estou vendo SepĂşlveda afamado,
Co’a esposa e co’os filhinhos abraçado,
Qual Mavorte com VĂ©nus e os Amores.

Parece-me que vejo o triste esposo,
Perdida a tenra prole e a bela dama,
Às garras dos leões correr furioso.

Bem te vingaste em nĂłs do afoito Gama!
Pelos nossos desastres Ă©s famoso.
Maldito Adamastor! Maldita fama!

I – Ă€ Morte Do PrĂ­ncipe D. Pedro

Pode o artista pintar a imagem morta
Da mulher, por quem dera a prĂłpria vida.
Ă€ esposa que a ventura vĂŞ perdida
Casto e saudoso beijo inda conforta.

A imitar-lhe os exemplos nos exorta
O amigo na extrema despedida…
Mas dizer o que sente a alma partida
Do pai, a quem, oh Deus, tua espada corta.

A flor de seu futuro, o filho amado;
Quem o pode, Senhor, se mesmo o Teu
SĂł morrendo livrou-nos do pecado,

Se a terra Ă  voz do GĂłlgota tremeu
E o sangue do Cordeiro Imaculado
Até o próprio céu enegreceu!

Sentindo Se Tomada A Bela Esposa

Sentindo se tomada a bela esposa
de CĂ©falo, no crime consentido,
para os montes fugia do marido;
e nĂŁo sei se de astuta, ou vergonhosa.

Porque ele, enfim, sofrendo a dor ciosa,
de amor cego e forçoso compelido,
apĂłs ela se vai como perdido,
já perdoando a culpa criminosa.

Deita se aos pés da Ninfa endurecida,
que do cioso engano está agravada;
já lhe pede perdão, já pede a vida.

Ó força de afeição desatinada!
Que da culpa contra ele cometida,
perdĂŁo pedia Ă  parte que Ă© culpada!

6

(Ă€ morte da esposa)

Ó alma pura enquanto cá vivias,
Alma, lá onde vives, já mais pura,
Porque me desprezaste? Quem tĂŁo dura
Te tornou ao amor que me devias?

Isto era o que mil vezes prometias,
Em que minha alma estava tĂŁo segura?
Que ambos juntos Da hora desta escura
Noute nos subiria aos claros dias?

Como em tĂŁo triste cárcer’ me deixaste?
Como pude eu sem mi deixar partir-te?
Como vive este corpo sem sua alma?

Ah! que o caminho tu bem mo mostraste,
Porque correste Ă  gloriosa palma!
Triste de quem nĂŁo mereceu seguir-te!