Sonetos sobre Cascatas de Cruz e Souza

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Sonetos de cascatas de Cruz e Souza. Leia este e outros sonetos de Cruz e Souza em Poetris.

PlenilĂșnio

VĂȘs este cĂ©u tĂŁo lĂ­mpido e constelado
E este luar que em fĂșlgida cascata,
Cai, rola, cai, nuns borbotĂ”es de prata…
VĂȘs este cĂ©u de mĂĄrmore azulado…

VĂȘs este campo intĂ©rmino, encharcado
Da luz que a lua aos pĂĄramos desata…
VĂȘs este vĂ©u que branco se dilata
Pelo verdor do campo iluminado…

VĂȘs estes rios, tĂŁo fosforescentes,
Cheios duns tons, duns prismas reluzentes,
VĂȘs estes rios cheios de ardentias…

VĂȘs esta mole e transparente gaze…
Pois Ă©, como isso me parecem quase
Iguais, assim, Ă s nossas alegrias!

Cristais

Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da tua voz deliciava…
Na dolĂȘncia velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava.

Era um som feito luz, eram volatas
Em lĂąnguida espiral que iluminava,
Brancas sonoridades de cascatas…
Tanta harmonia melancolizava.

Filtros sutis de melodias, de ondas
De cantos volutuosos como rondas
De silfos leves, sensuais, lascivos…

Como que anseios invisĂ­veis, mudos,
Da brancura das sedas e veludos,
Das virgindades, dos pudores vivos.

Claro E Escuro

Dentro — os cristais dos tempos fulgurantes,
MĂșsicas, pompas, fartos esplendores,
Luzes, radiando em prismas multicores,
Jarras formosas, lustres coruscantes,

PĂșrpuras ricas, galas flamejantes,
CintilaçÔes e cùnticos e flores;
Promiscuamente férvidos odores,
MĂłrbidos, quentes, finos, penetrantes.

Por entre o incenso, em lĂ­mpida cascata,
Dos siderais turĂ­bulos de prata,
Das sedas raras das mulheres nobres;

Clara explosĂŁo fantĂĄstica de aurora,
Deslumbramentos, nos altares! — Fora,
Uma falange intérmina de pobres.