Sonetos sobre Divindade de Cláudio Manuel da Costa

2 resultados
Sonetos de divindade de Cláudio Manuel da Costa. Leia este e outros sonetos de Cláudio Manuel da Costa em Poetris.

LXI

Deixemo-nos, Algano, de porfia;
Que eu sei o que tu Ă©s, contra a verdade
Sempre hás de sustentar, que a divindade
Destes campos Ă© Brites, nĂŁo Maria!

Ora eu te mostrarei inda algum dia,
Em que está teu engano: a novidade,
Que agora te direi, Ă©, que a cidade
Por melhor, do que todas a avalia.

Há pouco, que encontrei lá junto ao monte
Dous pastores, que estavam conversando,
Quando passaram ambas para a fonte;

Nem falaram em Brites: mas tomando
Para um cedro, que fica bem defronte,
O nome de Maria vĂŁo gravando.

XLI

Injusto Amor, se de teu jugo isento
Eu vira respirar a liberdade,
Se eu pudesse da tua divindade
Cantar um dia alegre o vencimento;

NĂŁo lograras, Amor, que o meu tormento,
VĂ­tima ardesse a tanta crueldade;
Nem se cobrira o campo da vaidade
Desses troféus, que paga o rendimento:

Mas se fugir nĂŁo pude ao golpe ativo,
Buscando por meu gosto tanto estrago,
Por que te encontro, Amor, tĂŁo vingativo?

Se um tal despojo a teus altares trago,
Siga a quem te despreza, o raio esquivo;
Alente a quem te busca, o doce afago.