O autor aos seus versos
Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura,
Urdidos pela mĂŁo da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecimento a sepultura;
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados:Não vos inspire, ó versos, cobardia
Da sĂĄtira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz e tirania:Desculpa tendes, se valeis tĂŁo pouco,
Que nĂŁo pode cantar com melodia
Um peito de gemer cansado e rouco.
Sonetos sobre Esquecimento de Manuel Maria Barbosa du Bocage
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Ă tu, consolador dos malfadados
Ă tu, consolador dos malfadados,
Ă tu, benigno dom da mĂŁo divina,
Das mĂĄgoas saborosa medicina,
Tranquilo esquecimento dos cuidados:Aos olhos meus, de prantear cansados,
Cansados de velar, teu voo inclina;
E vĂłs, sonhos d’amor, trazei-me Alcina,
Dai-me a doce visĂŁo de seus agrados:Filha das trevas, frouxa sonolĂȘncia,
Dos gostos entre o férvido transporte
Quanto me foi suave a tua ausĂȘncia!Ah!, findou para mim tĂŁo leda sorte;
Agora Ă© sĂł feliz minha existĂȘncia
No mudo estado, que arremeda a morte.