Sonetos sobre Frio de Alexandre Search

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Sonetos de frio de Alexandre Search. Leia este e outros sonetos de Alexandre Search em Poetris.

Soneto de um CĂ©ptico

Febo há muito desceu no Ocidente
Por trás dos montes de rosa tingidos;
Eu, sofrendo, cerro os olhos doridos
Olhando o mundo que ante mim se estende.

Pois pela noite o rio silente desce,
Oculto no escuro já voa o morcego;
Mas, nocturna, a alma nĂŁo tem sossego,
É na escuridão que meu horror cresce.

Odeio a noite que a mim se assemelha,
SĂł que em mim, nem astro ou centelha
Dispersa as nuvens da alma e da mente.

Mas como a noite em seu manto sombrio,
Calado e escondido me quedo no frio,
Envolto em dĂşvidas e delas temente.

Ao Meu Maior Amigo

Quando eu morrer, eu sei, tu escreverás
Triste soneto Ă  morte prematura;
Dirás que a vida cansa em amargura
E, pálido e frio, tu me cantarás.

Nas quadras, reflectido se lerá
De como, vĂŁ e breve, a vida expira
E como em terra funda, dura e fria,
A vida, má ou boa, acabará.

A seguir, nos tercetos, tu dirás
Que a morte é mistério, tudo fugaz,
Verdadeira, talvez, a vida além.

Por fim porás a data, assinarás.
E, relido o soneto, ficarás
Contente por tĂŞ-lo escrito bem.