A um Poeta
Tu que dormes, espĂrito sereno,
Posto Ă sombra dos cedros seculares,
Como um levita Ă sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno.Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno
Afugentou as larvas tumulares…
Para surgir do seio desses mares
Um mundo novo espera sĂł um aceno…Escuta! É a grande voz das multidões!
SĂŁo teus irmĂŁos, que se erguem! SĂŁo canções…
Mas de guerra… e sĂŁo vozes de rebate!Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!
Sonetos sobre Guerra de Antero de Quental
2 resultados Sonetos de guerra de Antero de Quental. Leia este e outros sonetos de Antero de Quental em Poetris.
Diálogo
A cruz dizia Ă terra onde assentava,
Ao vale obscuro, ao monte áspero e mudo:
— Que és tu, abismo e jaula, aonde tudo
Vive na dor e em luta cega e brava?Sempre em trabalho, condenada escrava.
Que fazes tu de grande e bom, contudo?
Resignada, Ă©s sĂł lodo informe e rudo;
Revoltosa, Ă©s sĂł fogo e horrida lava…Mas a mim nĂŁo há alta e livre serra
Que me possa igualar!.. amor, firmeza,
Sou eu sĂł: sou a paz, tu Ă©s a guerra!Sou o espĂrito, a luz!.. tu Ă©s tristeza,
Oh lodo escuro e vil! — Porém a terra
Respondeu: Cruz, eu sou a Natureza!