Sonetos sobre Horizonte de João Xavier de Matos

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Sonetos de horizonte de João Xavier de Matos. Leia este e outros sonetos de João Xavier de Matos em Poetris.

Que assim Sai a Manhã

Que assim sai a manhã, serena e bela!
Como vem no horizonte o sol raiando!
Já se vão os outeiros divisando,
já no céu se não vê nenhuma estrela.

Como se ouve na rústica janela
do pátrio ninho o rouxinol cantando!
Já lá vai para o monte o gado andando,
já começa o barqueiro a içar a vela.

A pastora acolá, por ver o amante,
com o cântaro vai à fonte fria;
cá vem saindo alegre o caminhante;

Só eu não vejo o rosto da alegria:
que enquanto de outro sol morar distante,
não há-de para mim nascer o dia.

Já lá Vão Sete Lustros

Já lá vão sete lustros, que este monte
Berço me foi: Já da vital jornada
Mais de meia carreira está passada;
E cedo iremos ver outro horizonte:

A mão já treme, já se enruga a fronte,
Já branqueja a cabeça, e com a pesada
Consideração da vida mal gastada,
Vai-se apagando a luz, secando a fonte.

Pouco nos resta, que passar já agora;
E para as derradeiras agonias
De tantos anos, aproveite hum’hora.

Esperanças, temores, vãs porfias,
Paixões, desejos, ide-vos embora;
Favor, que me fareis por poucos dias.