Sonetos sobre Inconscientes de Antero de Quental

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Sonetos de inconscientes de Antero de Quental. Leia este e outros sonetos de Antero de Quental em Poetris.

Luta

Fluxo e refluxo eterno…
JoĂŁo de Deus.

Dorme a noite encostada nas colinas.
Como um sonho de paz e esquecimento
Desponta a lua. Adormeceu o vento,
Adormeceram vales e campinas…

Mas a mim, cheia de atracções divinas,
Dá-me a noite rebate ao pensamento.
Sinto em volta de mim, tropel nevoento,
Os Destinos e as Almas peregrinas!

Insondável problema!… Apavorado
RecĂşa o pensamento!… E já prostrado
E estúpido á força de fadiga,

Fito inconsciente as sombras visionárias,
Enquanto pelas praias solitárias
Ecoa, Ăł mar, a tua voz antiga.

Oceano Nox

Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o vĂ´o do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,

Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saĂ­a das coisas, vagamente…

Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que idéia gravitais?

Mas na imensa extensĂŁo, onde se esconde
O Inconsciente imortal, sĂł me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais…