Sonetos sobre Marés de Florbela Espanca

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Sonetos de marés de Florbela Espanca. Leia este e outros sonetos de Florbela Espanca em Poetris.

O Que Tu És…

És Aquela que tudo te entristece
Irrita e amargura, tudo humilha;
Aquela a quem a Mágoa chamou filha;
A que aos homens e a Deus nada merece.

Aquela que o sol claro entenebrece
A que nem sabe a estrada que ora trilha,
Que nem um lindo amor de maravilha
Sequer deslumbra, e ilumina e aquece!

Mar-Morto sem marés nem ondas largas,
A rastejar no chĂŁo como as mendigas,
Todo feito de lágrimas amargas!

És ano que nĂŁo teve Primavera…
Ah! NĂŁo seres como as outras raparigas
Ă“ Princesa Encantada da Quimera!…

Caravelas

Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar! Já me perdi!
Dum estranho paĂ­s que nunca vi
Sou neste mundo imenso a exilada.

Tanto tenho aprendido e nĂŁo sei nada.
E as torres de marfim que construĂ­
Em trágica loucura as destruí
Por minhas prĂłprias mĂŁos de malfadada!

Se eu sempre fui assim este Mar-Morto,
Mar sem marés, sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram.

Caravelas doiradas a bailar…
Ai, quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei Ă  vida, e nĂŁo voltaram!…