Aurora Morta, Foge! Eu Busco A Virgem Loura
Aurora morta, foge! Eu busco a virgem loura
Que fugiu-me do peito ao teu clarĂŁo de morte
E Ela era a minha estrela, o meu Ășnico Norte,
O grande Sol de afeto – o Sol que as almas doura!Fugiu… e em si a Luz consoladora
Do amor – esse clarĂŁo eterno d’alma forte –
Astro da minha Paz, SĂrius da minha Sorte
E da Noute da vida a VĂȘnus Redentora.Agora, oh! Minha MĂĄgoa, agita as tuas asas,
Vem! Rasga deste peito as nebulosas gazas
E, num PĂĄlio auroral de Luz deslumbradora,Ascende Ă Claridade. Adeus oh! Dia escuro,
Dia do meu Passado! Irrompe, meu Futuro;
Aurora morta, foge – eu busco a virgem loura!
Sonetos sobre Paz de Augusto dos Anjos
4 resultadosContrastes
A antĂtese do novo e do obsoleto,
O Amor e a Paz, o Ăłdio e a Carnificina,
O que o homem ama e o que o homem abomina,
Tudo convém para o homem ser completo!O ùngulo obtuso, pois, e o ùngulo reto,
Uma feição humana e outra divina
SĂŁo como a eximenina e a endimenina
Que servem ambas para o mesmo feto!Eu sei tudo isto mais do que o Eclesiastes!
Por justaposição destes contrastes,
junta-se um hemisfério a outro hemisfério,As alegrias juntam-se as tristezas,
E o carpinteiro que fabrica as mesas
Faz tambĂ©m os caixĂ”es do cemitĂ©rio!…
Soneto
N’augusta solidĂŁo dos cemitĂ©rios,
Resvalando nas sombras dos ciprestes,
Passam meus sonhos sepultados nestes
Brancos sepulcros, pålidos, funéreos.São minhas crenças divinais, ardentes
– Alvos fantasmas pelos merencĂłrios
TĂșmulos tristes, soturnais, silentes,
Hoje rolando nos umbrais marmóreos.Quando da vida, no eternal soluço,
Eu choro e gemo e triste me debruço
Na lĂĄjea fria dos meus sonhos pulcros.Desliza entĂŁo a lĂșgubre coorte,
E rompe a orquestra sepulcral da morte,
Quebrando a paz suprema dos sepulcros.
Versos A Um Coveiro
Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
Tal Ă©, sem complicados silogismos,
A aritmĂ©tica hedionda dos coveiros!Um, dois, trĂȘs, quatro, cinco… Esoterismos
Da Morte! E eu vejo, em fĂșlgidos letreiros,
Na progressĂŁo dos nĂșmeros inteiros
A gĂȘnese de todos os abismos!Oh! PitĂĄgoras da Ășltima aritmĂ©tica,
Continua a contar na paz ascética
Dos tĂĄbidos carneiros sepulcraisTĂbias, cĂ©rebros, crĂąnios, rĂĄdios e Ășmeros,
Porque, infinita como os prĂłprios nĂșmeros
A tua conta nĂŁo acaba mais!