Sonetos sobre Pranto de Vinicius de Moraes

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Sonetos de pranto de Vinicius de Moraes. Leia este e outros sonetos de Vinicius de Moraes em Poetris.

Soneto De Vinicius Dedicado A Neruda

Quantos caminhos nĂŁo fizemos juntos
Neruda, meu irmĂŁo, meu companheiro…
Mas este encontro sĂșbito, entre muitos
NĂŁo foi ele o mais belo e verdadeiro?

Canto maior, canto menor – dois cantos
Fazem-se agora ouvir sob o cruzeiro
E em seu recesso as cĂłleras e os prantos
Do homem chileno e do homem brasileiro

E o seu amor – o amor que hoje encontramos…
Por isso, ao se tocarem nossos ramos
Celebro-te ainda além, cantor geral

Porque como eu, bicho pesado, voas
Mas mais alto e melhor do céu entoas
Teu furioso canto material!

Soneto Na Morte De José Arthur Da Frota Moreira

Cantamos ao nascer o mesmo canto
De alegria, de sĂșplica e de horror
E a mulher nos surgiu no mesmo encanto
Na mesma dĂșvida e na mesma dor.

Criamos toda a sedução, e tanto
Que de nĂłs seduzido, o sedutor
Morreu nas mesmas lĂĄgrimas de amor
Ao milagre maior do amor em pranto.

Fui um pouco teu cĂŁo e teu mendigo
E tu, como eu, mendigo de outro pĂŁo
Sempre guardaste o pĂŁo do teu amigo

Meu misterioso irmĂŁo, sigo contigo
HĂĄ tanto, tanto tempo, mĂŁo na mĂŁo…
Ouve como chora o coração.

Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivĂȘ-lo em cada vĂŁo momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angĂșstia de quem vive
Quem sabe a solidĂŁo, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que nĂŁo seja imortal, posto que Ă© chama
Mas que seja infinito enquanto dure.