Rio Abaixo
Treme o rio, a rolar, de vaga em vaga…
Quase noite. Ao sabor do curso lento
Da ĂĄgua, que as margens em redor alaga,
Seguimos. Curva os bambuais o vento.Vivo, hĂĄ pouco, de pĂșrpura, sangrento,
Desmaia agora o Ocaso. A noite apaga
A derradeira luz do firmamento…
Rola o rio, a tremer, de vaga em vaga.Um silĂȘncio tristĂssimo por tudo
Se espalha. Mas a lua lentamente
Surge na fĂmbria do horizonte mudo:E o seu reflexo pĂĄlido, embebido
Como um glĂĄdio de prata na corrente,
Rasga o seio do rio adormecido.
Sonetos sobre Prata de Olavo Bilac
2 resultados Sonetos de prata de Olavo Bilac. Leia este e outros sonetos de Olavo Bilac em Poetris.
A Sesta De Nero
Fulge de luz banhado, esplĂȘndido e suntuoso,
O palĂĄcio imperial de pĂłrfiro luzente
E mĂĄrmor da LacĂŽnia. O teto caprichoso
Mostra, em prata incrustado, o nĂĄcar do Oriente.Nero no toro ebĂșrneo estende-se indolente…
Gemas em profusĂŁo do estrĂĄgulo custoso
De ouro bordado vĂȘem-se. O olhar deslumbra, ardente,
Da pĂșrpura da TrĂĄcia o brilho esplendoroso.Formosa ancila canta. A aurilavrada lira
Em suas mãos soluça. Os ares perfumando,
Arde a mirra da Aråbia em recendente pira.Formas quebram, dançando, escravas em coréia.
E Nero dorme e sonha, a fronte reclinando
Nos alvos seios nus da lĂșbrica PopĂ©ia.