EpĂ­grafe

De palavras nĂŁo sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.

De palavras nĂŁo sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistĂȘncia
e com elas erguer a fogo e ferro
um palĂĄcio de força e resistĂȘncia.

De palavras nĂŁo sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.

Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
– expressĂŁo da multidĂŁo que estĂĄ comigo.