Morte
Num imenso salĂŁo, alto e rotundo,
De caveiras iguais, ossos sem dono,
Perpétua habitação de eterno sono
Que tem por tecto o CĂ©u, por base o mundo:Bem no meio, em silĂȘncio o mais profundo,
Se levanta da Morte o fatal trono:
Ceptros sem rei, arados sem colono,
São os degraus do sólio furibundo.Lanças, arneses pelo chão, quebrados,
Murchas grinaldas, bĂĄculos partidos,
Liras de vates, pastoris cajados,Algemas, ferros e brasÔes luzidos,
No terrĂvel salĂŁo sĂŁo misturados,
No palĂĄcio da Morte confundidos.
Sonetos sobre Sono de Francisco Joaquim Bingre
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Com a Fortuna nĂŁo Perde o Ser de Besta
Na carreira veloz, a deusa cega
Lança às vezes a mão a um feio mono
E o sobe, num instante, a um coche, a um trono,
Onde a Virtude com trabalho chega.Porém se, louca, num jumento pega,
Por mais que o erga nĂŁo lhe dĂĄ abono:
Bem se vĂȘ que foi sonho de seu sono,
Quando a vara ou bastĂŁo ela lhe entrega.Pouco importa adornar asno casmurro
Com jaezes reais, mantas de festa,
Se a conhecer se då no rouco zurro.Quem, no berço, por vil se manifesta,
Quem nele baixo foi, quem nace burro,
Co’a Fortuna nĂŁo perde o ser de besta.