Arrumar os Mortos

É preciso que compreendam: nĂłs nĂŁo temos competĂȘncia para arrumarmos os mortos no lugar do eterno.
Os nossos defuntos desconhecem a sua condição definitiva: desobedientes, invadem-nos o quotidiano, imiscuem-se do território onde a vida deveria ditar sua exclusiva lei.
A mais sĂ©ria consequĂȘncia desta promiscuidade Ă© que a prĂłpria morte, assim desrespeitada pelos seus inquilinos, perde o fascĂ­nio da ausĂȘncia total.
A morte deixa de ser a mais incuråvel e absoluta diferença entre os seres.