Textos sobre Belos de Voltaire

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Textos de belos de Voltaire. Leia este e outros textos de Voltaire em Poetris.

Da Liberdade

A: Eis uma bateria de canhÔes que atira junto aos nossos ouvidos; tendes a liberdade de ouvi-la e de a não ouvir?
B: É claro que não posso evitar ouvi-la.
A: Desejaríeis que esse canhão decepasse a vossa cabeça e as da vossa mulher e da vossa filha que estivessem convosco?
B: Que espécie de proposição me fazeis? Eu jamais poderia, no meu são juízo, desejar semelhante coisa. Isso é-me impossível.
A: Muito bem; ouvis necessariamente esse canhão e, também necessariamente, não quereis morrer, vós e a vossa família, de um tiro de canhão; não tendes nem o poder de não o ouvir nem o poder de querer permanecer aqui.
B: Isso Ă© evidente.
A: Em consequĂȘncia, destes uma trintena de passos a fim de vos colocardes ao abrigo do canhĂŁo: tivestes o poder de caminhar comigo estes poucos passos?
B: Nada mais verdadeiro.
A: E se fĂŽsseis paralĂ­tico? NĂŁo terĂ­eis podido evitar ficar exposto a essa bateria; nĂŁo terĂ­eis o poder de estar onde agora estais: terĂ­eis entĂŁo necessariamente ouvido e recebido um tiro de canhĂŁo e necessariamente estarĂ­eis morto?
B: Nada mais claro.
A: Em que consiste, pois,

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Os Grandes Homens

Daqueles que comandaram batalhĂ”es e esquadrĂ”es sĂł resta o nome. O gĂ©nero humano nada tem para mostrar duma centena de batalhas travadas. Mas os grandes homens de que vos falo prepararam puros e perenes prazeres para os homens que ainda hĂŁo-de nascer. Uma eclusa a ligar dois mares, um quadro de Poussin, uma bela tragĂ©dia, uma nova verdade – sĂŁo coisas mil vezes mais preciosas do que todos os anais da corte ou todos os relatos de campanhas militares. Sabeis que, comigo, os grandes homens sĂŁo os primeiros e os herĂłis os Ășltimos.
Chamo «grandes homens» a todos aqueles que se distinguiram na criação daquilo que Ă© Ăștil ou agradĂĄvel. Os saqueadores de provĂ­ncias sĂŁo meros herĂłis.

O Bem Supremo

Muito discutiu a antiguidade em torno do supremo bem. O que Ă© o supremo bem? Seria o mesmo que perguntar o que Ă© o supremo azul, o supremo acepipe, o supremo andar, o ler supremo, etc. Cada um pĂ”e a felicidade onde pode, e quanto pode ao seu gosto. (…) Sumo bem Ă© o bem que vos deleita a ponto de nos polarizar toda a sensibilidade, assim como mal supremo Ă© aquele que vos torna completamente insensĂ­vel. Eis os dois pĂłlos da natureza humana. Esses dois momentos sĂŁo curtos. NĂŁo existem deleites extremos nem extremos tormentos capazes de durar a vida inteira. Supremo bem e supremo mal sĂŁo quimeras.Conhecemos a bela fĂĄbula de CrĂąntor, que fez comparecer aos jogos olĂ­mpicos a Fortuna, a VolĂșpia, a SaĂșde e a Virtude.
Fortuna: – O sumo bem sou eu, pois comigo tudo se obtĂ©m.
VolĂșpia: – Meu Ă© o pomo, porquanto nĂŁo se aspira Ă  riqueza senĂŁo para ter-me a mim.
SaĂșde: – Sem mim nĂŁo hĂĄ volĂșpia e a riqueza seria inĂștil.
Virtude: – Acima da riqueza, da volĂșpia e da saĂșde estou eu, que embora com ouro, prazeres e saĂșde pode haver infelicidade, se nĂŁo hĂĄ virtude.

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