Textos sobre Certos de Victor Hugo

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Textos de certos de Victor Hugo. Leia este e outros textos de Victor Hugo em Poetris.

As Realidades da Alma

É certo que o homem fala a si mesmo; não há um único ser racional que o não tenha experimentado. Pode-se até dizer que o mistério do Verbo nunca é mais magnífico do que quando, no interior do homem, vai do pensamento à consciência, e volta da consciência ao pensamento. (…) Diz, fala, exclama cada um consigo mesmo, sem que seja quebrado o silêncio exterior. Há um grande tumulto; tudo fala em nós, excepto a boca. As realidades da alma, por não serem visíveis e palpáveis, nem por isso deixam de ser também realidades.

Censura e Criatividade

Dos déspotas provêm, até certo ponto, os pensadores. A palavra acorrentada é terrível. O escritor duplica e triplica o seu estilo, quando um senhor impõe silêncio ao povo. Sai desse silêncio certa plenitude misteriosa que se filtra e se condensa em bronze no pensamento. A compreensão na história produz a concisão no historiador. A solidez granítica de tal ou tal prosa célebre não é mais do que um amontoamento feito por um tirano.
A tirania constrange o escritor a circunscrições de diâmetro, que são alargamentos de força. O período ciceroniano, apenas suficiente para Verres, sobre Calígula embotar-se-ia. Quanto menor for a exuberância da frase, maior será a intensidade do golpe. Sirva de exemplo a concisão de Tácito no exprimir e a sua veemência no pensar. A honestidade de um grande coração, condensada em justiça e em verdade, fulmina.