O Fim Justifica o Meio
Os meios virtuosos e bonacheirões não levam a nada. É preciso utilizar alavancas mais enérgicas e mais sábios enredos. Antes de te tornares célebre pela virtude e de atingires o teu objectivo, haverá cem que terão tempo de fazer piruetas por cima das tuas costas e de chegar ao fim da corrida antes de ti, de tal modo que deixará de haver lugar para as tuas ideias estreitas. É preciso saber abarcar com mais amplitude o horizonte do tempo presente.
Nunca ouviste falar, por exemplo, da glĂłria imensa que as vitĂłrias alcançam? E, no entanto, as vitĂłrias nĂŁo surgem sozinhas. É preciso que o sangue corra, muito sangue, para serem geradas e depostas aos pĂ©s dos conquistadores. Sem os cadáveres e os membros esparsos que vĂŞs na planĂcie onde se desenrolou sabiamente a carnificina, nĂŁo haverá guerra, e sem guerra nĂŁo haverá vitĂłria. EstĂŁo a ver que, quando alguĂ©m se quer tornar cĂ©lebre, tem que mergulhar graciosamente em rios de sangue, alimentados com carne para canhĂŁo. O fim justifica o meio.
Textos sobre Cima de Conde de Lautréamont
2 resultadosA Análise dos Sentimentos
Os sentimentos experimem a felicidade, fazem sorrir. A análise dos sentimentos exprime a felicidade, pondo de parte toda a personalidade; faz sorrir. Aqueles elevam a alma, dependentemente do espaço, do tempo, atĂ© Ă concepção da humanidade considerada em si mesma, nos seus membros ilustres! Esta eleva a alma, independentemete do tempo, do espaço, atĂ© Ă concepção da humanidade considerada na sua mais alta expressĂŁo, a vontade! Aqueles tratam dos vĂcios, das virtudes; esta trata apenas das virtudes. Os sentimentos nĂŁo conhecem a ordem da sua marcha. A análise dos sentimentos ensina a fazĂŞ-la conhecer, aumenta o vigor dos sentimentos. Com eles, tudo Ă© incerteza. SĂŁo a expressĂŁo da felicidade e da infelicidade, dois extremos. Com ela, tudo Ă© certeza. Ela Ă© a expressĂŁo daquela felicidade que resulta, em determinado momento, de nos sabermos conter no meio das paixões boas ou más.
Ela utiliza a sua calma para fundir a descrição dessas paixões num princĂpio que circula atravĂ©s das páginas: a nĂŁo-existĂŞncia do mal. Os sentimentos choram quando lhes Ă© preciso, tanto como quando lhes nĂŁo Ă©. A análise dos sentimentos nĂŁo chora. Possui uma sensibilidade latente, que apanha desprevenido, arrasta por cima das misĂ©rias, ensina a dispensar guia, fornece uma arma de combate.