Novo Ano

Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse no ventre morte, peste e guerra. Morte Ć  senilidade idealista e Ć  retĆ³rica embalsamada; peste para um certo cĆ³digo cultural que age sobre os grupos e os transforma em colectividades emocionais; guerra Ć  recuperaĆ§Ć£o da personalidade duma cultura extinta que nada tem a ver com a cultura em si mesma.

Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse nos braƧos a vida, a energia e a paz. Vida o suficientemente despersonalizada no caudal urbano para que os desvios individuais nĆ£o sejam convite ao eterno controlo e expressĆ£o das pessoas; energia para desmascarar o sectarismo da sociedade secularizada em que o estado afectivo Ć© mais forte do que a acĆ§Ć£o; paz para os homens de boa e de mĆ” vontade.

(31 de