Passagens sobre Pessoas

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O Afecto não é Real

O afecto é um fabricante de ilusões, e quem quer que deseje o real deverá ser uma pessoa desinteressada. A partir do momento que sabemos que uma coisa é real, já não conseguimos estar ligados a ela.
O afecto não é mais do que a insuficiência do sentimento da realidade. Estamos envolvidos com a posse de uma coisa porque acreditamos que se deixarmos de a possuir, ela deixa de ser. Muitas são as pessoas que não sentem, com toda a sua alma, que existe uma diferença absoluta entre a destruição de uma cidade e o seu exílio irremediável longe desta mesma cidade.

Talvez as pessoas não me decepcionam. Talvez o problema seja eu, que espero muito delas.

Na Casa Defronte

Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!

Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.
São felizes, porque não sou eu.

As crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem entre vasos de flores,
Sem dúvida, eternamente.

As vozes, que sobem do interior do doméstico,
Cantam sempre, sem dúvida.
Sim, devem cantar.

Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.
Assim tem que ser onde tudo se ajusta —
O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.

Que grande felicidade não ser eu!

Mas os outros não sentirão assim também?
Quais outros? Não há outros.
O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na varanda de grades,
Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.
Os outros nunca sentem.

Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.

Nada! Não sei…
Um nada que dói…

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Vivemos Para os Momentos Futuros, e Não o Presente

A ânsia de matar tempo, de liquidar o espaço de dias entre um acontecimento e o que lhe sucede, transmite, tanto em casos de amor como em outros, fins importantes, um estado de alma que se preocupa exclusivamente em atingir esse alvo previamente estabelecido. Não se pensa em mais nada. Semelhante à situação criada quando se sabe de antemão que se vai encontrar determinada pessoa que nos interessa muito. Fica-se incapaz de articular palavra, de estreitar vínculo com quem quer que seja que se nos atravesse no caminho. Está-se a viver em outrem, num estado fora da relação humana do dia a dia. Nem sequer ouvimos os sons, arrepiamos a pele ao tomar conhecimento consciente de notícias que já sabíamos de antemão pertencerem ao domínio público. Esta é também a ânsia do suicida que nada mais faz entre a decisão de cometer o homicídio e a prática do acto extremo.

Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.

Abandonando a razão, que é a regra dada entre homem e homem, e usando a força, à maneira das bestas, ele se torna sujeito a ser destruído por aquele contra quem ele usa força, como qualquer voraz besta selvagem que é perigosa a sua pessoa.

Existem pessoas que aguardam a morte para viver. Noutra via para que a morte para alguns se… já mortos se encontram.

Alimentar o Amor

Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda. Chega-se sempre à primeira frase, ao primeiro número da revista, ao primeiro mês de amor. Cada começo é uma mudança e o coração humano vicia-se em mudar. Vicia-se na novidade do arranque, do início, da inauguração, da primeira linha na página branca, da luz e do barulho das portas a abrir.
Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda. Por isso respeito cada vez menos estas actividades. Aprendi que o mais natural é criar e o mais difícil de tudo é continuar. A actividade que eu mais amo e respeito é a actividade de manter.
Em Portugal quase tudo se resume a começos e a encerramentos. Arranca-se com qualquer coisa, de qualquer maneira, com todo o aparato. À mínima comichão aparece uma «iniciativa», que depois não tem prosseguimento ou perseverança e cai no esquecimento. Nem damos pela morte.
É por isso que eu hoje respeito mais os continuadores que os criadores. Criadores não nos faltam. Chefes não nos faltam. Faltam-nos continuadores. Faltam-nos tenentes. Heróis não nos faltam. Faltam-nos guardiões.

É como no amor. A manutenção do amor exige um cuidado maior. Qualquer palerma se apaixona, mas é preciso paciência para fazer perdurar uma paixão.

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Um sentimento define-se segundo a pessoa que se é. Quando jovem, o amor é um impossível que se deseja possibilitar e que quando isso acontece se desfaz. Na velhice o amor define-se como uma grande paciência. Como às vezes se define o génio.

Tudo o que Somos é Ficção

Há que entender que tudo o que somos é ficção.
Pessoas atrás de pessoas pedem-me conselhos. Acreditam que o que escrevo me torna em alguém especial, capaz de lhes entender o que fazem, o que sentem, até o que escrevem. Fico perdido, sem saber o que fazer, sem saber o que dizer. E é por isso que escrevo. Escrever é estar perdido e procurar, a cada frase, um caminho. Ou um simples sinal de que pode haver um caminho, de que pode haver uma esperança. Escrever é procurar a esperança, todos os dias, no que não existe, no que se escreve para ver se existe. Não sou escritor, nunca fui escritor, não quero ser escritor. Sou apenas o gajo que escreve porque tem de escrever, porque os dias exigem que escreva, porque uma urgência qualquer o obriga a escrever. Escrevo como necessidade biológica, e às vezes custa tanto ter de escrever. Não dói mas custa, é uma dor de fora para dentro, como se as letras saíssem da pele, do por dentro dos ossos. E a literatura. O que raios é a literatura? Estou-me nas tintas para a literatura. Não quero escrever literatura, não quero os intelectuais do meu lado.

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Inércia e Movimento

Há uma lei natural conhecida como lei da inércia. Quando alguma coisa se encontra em determinadas condições de existência tende a conservar-se nesse estado, quer esteja em repouso quer esteja em movimento. Essa lei aplica-se igualmente para seres humanos. (…) O homem é uma porção de matéria no estado de repouso e nem sempre se quer mexer. Mas quando aquecemos e começamos realmente a andar verficamos que a inércia é como o sistema propulsor de um foguetão dentro de nós… é mil vezes mais fácil continuar a avançar que iniciar o movimento. Motivação e força motriz estabelecem as diferenças entre as pessoas. Se um homem imagina um plano de acção, reconhece um dever, abraça uma causa, veremos cada órgão do seu corpo e cada faculdade do seu espírito começar a trabalhar mais eficaz e suavemente que nunca.

Eu preciso de não-conformistas, dissidentes, aventureiros, forasteiros e rebeldes que questionem, subvertam as regras e assumam riscos……pessoas boazinhas com bom senso não são personagens interessantes.

O amor é o desejo de alcançar a amizade de uma pessoa que nos atrai pela beleza.