Textos sobre Desejos de Immanuel Kant

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Textos de desejos de Immanuel Kant. Leia este e outros textos de Immanuel Kant em Poetris.

A Necessidade da Metafísica

A razão humana tem este destino singular, numa parte dos seus conhecimentos, de sucumbir ao peso de certas questões que não pode evitar. Com efeito, tais questões impõem-se à razão devido à sua mesma natureza, mas ela não pode responder-lhes porque de todo ultrapassam a sua capacidade.
Não devemos contar que o espírito humano renuncie um dia por completo às indagações metafísicas: seria o mesmo que aguardar que, em vez de respirar sempre um ar viciado, suspendêssemos um belo dia a respiração. Por conseguinte, haverá sempre no mundo, ou, melhor, em todo homem, sobretudo se ele reflecte, uma metafísica, que, na ausência de uma norma comum, cada qual talhará a seu grado; ora o que até aqui se tem denominado metafísica não pode satisfazer nenhum espírito reflectido, mas renunciar a ela por completo é também impossível; é necessário, pois, empreender enfim uma crítica da razão pura em si, ou, se alguma existe, perscrutá-la e examiná-la em conjunto; na verdade, não há outro meio de satisfazer esta exigência imperiosa, que é coisa muito diferente de um simples desejo de saber.

Moralidade e Felicidade

A felicidade é o estado em que se encontra no mundo um ser racional para quem, em toda a sua existência, tudo decorre conforme o seu desejo e a sua vontade; pressupõe, por consequência, o acordo da natureza com todo o conjunto dos fins deste ser, e simultaneamente com o fundamento essencial de determinação da sua vontade. Ora a lei moral, como lei da liberdade, obriga por meio de fundamentos de determinação, que devem ser inteiramente independentes da natureza e do acordo dela com a nossa faculdade de desejar (como motor). Porém, o ser agente racional que actua no mundo não é simultaneamente causa do mundo e da própria natureza. Assim, pois, na lei moral não há o menor fundamento para uma conexão necessária entre a moralidade e a felicidade, com ela proporcionada, num ser que, fazendo parte do mundo, dele depende; este ser, precisamente por isso, não pode ser voluntariamente a causa desta natureza nem, no que à felicidade respeita, fazer com que, pelas suas próprias forças, coincida perfeitamente com os seus próprios princípios práticos.
E, todavia, no problema prático que a razão pura nos prescreve, isto é, na prossecução do soberano bem, tal acordo é postulado como necessário: devemos procurar realizar o soberano bem,

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