A Eterna Criação da Literatura

A literatura é um acontecimento completamente à parte. É um acontecimento que, de cada vez, recomeça de alto a baixo. É um acontecimento sem hábitos. No caso de um bom marceneiro, ou mesmo de um bom buscador de ouro, trata-se de refazer o que se fazia antes dele e – se for possível – contribuir com o seu pequeno aperfeiçoamento para a forma da mesa ou para o oco da bateia. Mas um jovem escritor não deve absolutamente ameliorar Proust, ou aperfeiçoar Claudel, completar Gide ou fazer um pequeno retoque a Valéry. Não, de modo algum. Cabe-lhe escrever como se nem Gide, nem Proust tivessem existido nunca.