A EssĂȘncia do Fanatismo

A essĂȘncia do fanatismo consiste em considerar determinado problema como tĂŁo importante que ultrapasse qualquer outro. Os bizantinos, nos dias que precederam a conquista turca, entendiam ser mais importante evitar o uso do pĂŁo ĂĄzimo na comunhĂŁo do que salvar Constantinopla para a cristandade. Muitos habitantes da penĂ­nsula indiana estĂŁo dispostos a precipitar o seu paĂ­s na ruĂ­na por divergirem numa questĂŁo importante: saber se o pecado mais detestĂĄvel consiste em comer carne de porco ou de vaca. Os reaccionĂĄrios amercianos prefiririam perder a prĂłxima guerra do que empregar nas investigaçÔes atĂłmicas qualquer indivĂ­duo cujo primo em segundo grau tivesse encontrado um comunista nalguma regiĂŁo. Durante a Primeira Guerra Mundial, os escoceses sabatĂĄrios, a despeito da escassez de vĂ­veres provocada pela actividade dos submarinos alemĂŁes, protestavam contra a plantação de batatas ao domingo e diziam que a cĂłlera divina, devido a esse pecado, explicava os nossos malogros militares. Os que opĂ”em objecçÔes teolĂłgicas Ă  limitação dos nascimentos, consentem que a fome, a misĂ©ria e a guerra persistam atĂ© ao fim dos tempos porque nĂŁo podem esquecer um texto, mal interpretado, do GĂ©nese. Os partidĂĄrios entusiastas do comunismo, tal como os seus maiores inimigos, preferem ver a raça humana exterminada pela radioactividade do que chegar a um compromisso com o mal –

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