Muitos homem cometem o erro de substituir o conhecimento pela afirmação de que é verdade aquilo que desejam.
Passagens de Bertrand Russell
108 resultadosGrande parte dos maiores males que o homem tem infligido sobre o homem surgiu de pessoas que se sentiam absolutamente certas sobre algo que, na realidade, era falso.
Quantos mais motivos de interesse um homem tem, mais ocasiões tem também de ser feliz e menos está à mercê do destino, pois se perder um pode recorrer logo a outro.
O facto de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de facto, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata.
Na vida nunca se deveria cometer duas vezes o mesmo erro. Há bastante por onde escolher.
É Fundamental Cultivar Interesses Exteriores
Uma das causas da infelicidade, da fadiga e da tensão nervosa é a incapacidade para tomar interesse por tudo o que não tenha uma importância prática na vida. Daí resulta que o consciente está sempre ocupado com um número restrito de problemas, cada um dos quais comporta certamente algumas inquietações e cuidados. A não ser no sono, o consciente nunca repousa para o subconsciente amadurecer gradualmente os problemas inquietantes. Sobrevem assim a excitabilidade, a falta de prudência, a irritabilidade e a perda do sentido das proporções. Tudo isto tanto são causas como efeitos da fadiga. À medida que aumenta a fadiga no homem, diminuem os seus interesses exteriores, e à medida que estes diminuem perde o descanso que eles lhe proporcionavam e fatiga-se ainda mais.
Este círculo vicioso não pode deixar de conduzir a uma depressão nervosa. O que é repousante nos interesses exteriores é o facto de não exigirem qualquer acção. Tomar decisões e exercer a sua vontade é bastante fatigante, especialmente quando é necessário fazê-lo apressadamente e sem o auxílio do subconsciente. Têm razão os que pensam que «a noite é boa conselheira» e que devem dormir primeiro antes de tomar alguma decisão importante, mas não é somente no sono que o processo mental do subconsciente pode realizar-se.
O truque da filosofia é começar por algo tão simples que ninguém ache digno de nota e terminar por algo tão complexo que ninguém entenda.
Existe um artista aprisionado em cada um de nós. Deixe-o solto para espalhar alegria por toda parte.
Se nos fosse dado o poder mágico de ler na mente uns dos outros, o primeiro efeito seria sem dúvida o fim de todas as amizades.
Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe
O Mérito da Monotonia
A capacidade para suportar uma vida mais ou menos monótona deve ser adquirida desde a infância. A este respeito, os pais modernos são bastante censuráveis; proporcionam aos filhos demasiados prazeres passivos, tais como espectáculos e guloseimas, e não compreendem a importância que tem para uma criança um dia ser igual a outro dia, excepto, é claro, nalgumas raras ocasiões. Em geral, os prazeres da infância deveriam ser aqueles que a própria criança descobrisse no seu ambiente por meio de algum esforço e imaginação.
Os prazeres que excitam e ao mesmo tempo não implicam qualquer exercício físico, o teatro por exemplo, só lhes seriam facultados muito raramente. A excitação é da mesma natureza dos narcóticos que cada vez se tornam mais exigentes, e a passividade física durante a excitação é contrária ao instinto. Uma criança desenvolve-se melhor quando, tal como uma jovem planta, a deixam tranquila no mesmo solo. Demasiadas viagens, demasiadas variedades de impressões, não são boas para as crianças e tornam-nas mais tarde, quando forem crescidas, incapazes de suportar uma monotonia fecunda. Não quero dizer que a monotonia tenha algum mérito em si mesma; quero sómente afirmar que algumas coisas boas não são possíveis senão quando há um certo grau de monotonia.
Quando se diz às pessoas que a felicidade é uma questão simples, querem-nos sempre mal.
O homem hoje, para ser salvo, só tem necessidade de uma coisa: abrir o coração à alegria.
O trabalho é desejável, primeiro e antes de tudo como um preventivo contra o aborrecimento, pois o aborrecimento que um homem sente ao executar um trabalho necessário embora monótono, não se compara ao que sente quando nada tem que fazer.
Temer o amor é temer a vida e os que temem a vida já estão três partes mortos.
O homem não é um animal solitário, e enquanto perdura a vida em sociedade, a realização de si mesmo não pode ser o supremo princípio ético.
O Aborrecimento e a Agitação
Uma das características essenciais do aborrecimento consiste no contraste entre as circunstâncias presentes e outras mais agradáveis que exercem uma força irresistível sobre a imaginação. É também essencial que as faculdades do indivíduo não estejam inteiramente ocupadas. Fugir diante de inimigos que pretendem tirar-nos a vida, deve ser desagradável, mas certamente não é aborrecido. Um homem também não se sente aborrecido quando é executado, a não ser que tenha uma coragem quase sobre-humana. Da mesma maneira nunca ninguém bocejou ao pronunciar o seu primeiro discurso na Câmara dos Lordes, salvo o falecido duque de Devonshire, que por isso mesmo se tornou célebre. O aborrecimento é essencialmente um desejo frustrado de aventuras, não necessáriamente agradáveis, mas pelo menos de incidentes que permitam à vítima do tédio distinguir um dia dos outros dias. O oposto do aborrecimento é, numa palavra, não o prazer, mas sim a agitação.
O Antagonismo Racial
O elemento puramente instintivo não constitui senão uma pequena parte do ódio racial e não é difícil de vencer. O medo do que é estrangeiro, que é a sua principal essência, desaparece com a familiaridade. Se nenhum outro elemento o formasse, toda a perturbação desapareceria logo que pessoas de raças diferentes se habituassem umas às outras. Mas há sempre pretextos para se odiarem os grupos estrangeiros. Os seus hábitos são diferentes dos nossos e portanto (em nossa opinião) piores. Se triunfam, é porque nos roubam as oportunidades; se não triunfam, é porque são miseráveis vagabundos. A actual população do mundo descende dos sobreviventes de longos séculos de guerras e por instinto está à espreita de ocasiões de hostilidade colectiva.
O desejo de ter um inimigo fixa-se no coração desse instinto racista e constrói à sua volta um edifício monstruoso de crueldade e de loucura. Tais conflitos representam hoje uma catástrofe universal e não já somente, como outrora, um desastre para os vencidos: daí as inquietações do nosso tempo. É por isso que é mais importante do que nunca conseguir um certo grau de domínio racional sobre os nossos sentimentos destruidores.
Em geral o ódio racial tem duas origens,
Uma Vida Dedicada Ao Trabalho
É muito estranho que apenas poucos homens compreendam que não estão irremediávelmente amarrados à engrenagem torturante de um trabalho monótono e que a maioria continue presa ao seu rodar só por não se aperceber que com esse trabalho não alcança plano mais elevado. Refiro-me, é claro, aos grandes homens de negócio, aos que têm já bons rendimentos e podiam, se quisessem, viver deles. Mas proceder assim parecer-lhes-ia vergonhoso, teriam a impressão de desertar do exército na presença do inimigo; contudo, se lhes perguntarem que causa pública servem com o seu labor, não sabem o que responder, mesmo depois de terem lido todas as banalidades contidas nos artigos que se escrevem sobre as virtudes duma vida dedicada ao trabalho.
Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade.