O Ente Exterior NĂŁo Ă© o Real
0 corpo humano Ă© talvez uma simples aparĂȘncia, escondendo a nossa realidade, e condensando-se sobre a nossa luz ou sobre a nossa sombra. A realidade Ă© a alma. A bem dizer, o rosto Ă© uma mĂĄscara. 0 verdadeiro homem Ă© o que estĂĄ debaixo do homem. Mais de uma surpresa haveria se pudesse vĂȘ-lo agachado e escondido debaixo da ilusĂŁo que se chama carne. 0 erro comum Ă© ver no ente exterior um ente real.
Textos sobre Exterior de Victor Hugo
3 resultadosAs Realidades da Alma
Ă certo que o homem fala a si mesmo; nĂŁo hĂĄ um Ășnico ser racional que o nĂŁo tenha experimentado. Pode-se atĂ© dizer que o mistĂ©rio do Verbo nunca Ă© mais magnĂfico do que quando, no interior do homem, vai do pensamento Ă consciĂȘncia, e volta da consciĂȘncia ao pensamento. (…) Diz, fala, exclama cada um consigo mesmo, sem que seja quebrado o silĂȘncio exterior. HĂĄ um grande tumulto; tudo fala em nĂłs, excepto a boca. As realidades da alma, por nĂŁo serem visĂveis e palpĂĄveis, nem por isso deixam de ser tambĂ©m realidades.
O Interior da Alma
O olho do espĂrito em parte nenhuma pode encontrar mais deslumbramentos, nem mais trevas, do que no homem, nem fixar-se em coisa nenhuma, que seja mais temĂvel, complicada, misteriosa e infinita. HĂĄ um espectĂĄculo mais solene do que o mar, Ă© o cĂ©u; e hĂĄ outro mais solene do que o cĂ©u, Ă© o interior da alma.
Fazer o poema da consciĂȘncia humana, mas que nĂŁo fosse senĂŁo a respeito de um sĂł homem, e ainda nos homens o mais Ănfimo, seria fundir todas as epopeias numa epopeia superior e definitiva. A consciĂȘncia Ă© o caos das quimeras, das ambiçÔes e das tentativas, o cadinho dos sonhos, o antro das ideias vergonhosas: Ă© o pandemĂłnio dos sofismas, Ă© o campo de batalha das paixĂ”es. Penetrai, a certas horas, atravĂ©s da face lĂvida de um ser humano, e olhai por trĂĄs dela, olhai nessa alma, olhai nessa obscuridade. HĂĄ ali, sob a superfĂcie lĂmpida do silĂȘncio exterior, combates de gigante como em Homero, brigas de dragĂ”es e hidras, e nuvens de fantasmas, como em Milton, espirais visionĂĄrias como em Dante.