NĂŁo Julgues Segundo a Soma
NĂŁo hás-de julgar segundo a soma. Vens-me dizer que nĂŁo há nada a esperar daqueles acolá. SĂŁo grosseria, gosto do lucro, egoĂsmo, ausĂŞncia de coragem, fealdade. Mas se me podes falar assim das pedras, as quais sĂŁo rudeza, peso morno e espessura, já o nĂŁo podes daquilo que tiras das pedras: estátua ou templo. Quase nunca vi o ser comportar-se como o teriam feito prever as suas partes. Se pegares em vizinhos Ă parte, virás a concluir que cada um deles odeia a guerra e nĂŁo está disposto a abandonar o lar, porque ama os filhos e a esposa e as refeições de aniversário; nem a derramar o sangue, porque Ă© bom, dá de comer ao cĂŁo e faz carĂcias ao burro, nem a roubar outrem, pois tu bem vĂŞs que ele apenas preza a sua prĂłpria casa e puxa o lustro Ă s suas madeiras e manda pintar as paredes e perfuma o jardim de flores.
E dir-me-ás: «Eles representam no mundo o amor Ă paz…» No entanto, o impĂ©rio deles nĂŁo passa de uma grande terrina onde se vai cozendo a guerra. E a bondade deles e a doçura deles pelo animal ferido e a emoção deles Ă vista de flores nĂŁo passam de ingrediente de uma magia que prepara o tilintar das armas,
Textos sobre Gosto de Antoine de Saint-Exupéry
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Os Hábitos Embutidos
Já me não entendo com essa gente dos comboios suburbanos; esses homens que homens se julgam e que, no entanto, como as formigas, estão reduzidos, por uma pressão que não sentem, aos hábitos que lhes criam. Quando ociosos, em que ocupam eles os seus absurdos e insignificantes domingos?
Certa vez, na Rússia, ouvi tocar Mozart numa fábrica. Escrevi a esse respeito. Recebi duzentas cartas insultuosas. Não quero mal aos que preferem um reles café-concerto. Nenhuma outra harmonia eles conhecem. Mas abomino o dono do café-concerto. Não gosto que degradem os homens.