Textos sobre Importância de Gustave Le Bon

2 resultados
Textos de importância de Gustave Le Bon. Leia este e outros textos de Gustave Le Bon em Poetris.

O Prazer e a Dor

O prazer e a dor não conhecem a duração. A sua natureza é dissiparem-se rapidamente e, por conseguinte, só existirem sob a condição de ser intermitente. Um prazer prolongado cessa logo de ser um prazer e uma dor continua logo se atenua. A sua diminuição pode mesmo, por confronto, tornar-se um prazer. O prazer só é, pois, um prazer sob a condição de ser descontínuo. O único prazer um pouco durável é o prazer não realizado, ou desejo.
O prazer somente é avaliável pela sua comparação com a dor. Falar de prazer eterno é um contra-senso, como justamente observou Platão. Ignorando a dor, os deuses não podem, segundo Platão, ter prazer. A descontinuidade do prazer e da dor representa a conseqüência dessa lei fisiológica: “A mudança é a condição da sensação”. Não percebemos os estados contínuos, porém as diferenças entre estados simultâneos ou sucessivos. O tique-taque do relógio mais ruidoso acaba, no fim de algum tempo, por não ser mais ouvido, e o moleiro não será despertado pelo ruído das rodas do seu moinho, mas pelo seu parar.

É em virtude dessa descontinuidade necessária que o prazer prolongado cessa logo de ser um prazer, porém uma coisa neutra,

Continue lendo…

A Alma Popular é Totalmente Dominada por Elementos Afectivos e Místicos

A acção cada vez mais considerável das multidões na vida política imprime especial importância ao estudo das opiniões populares. Interpretadas por uma legião de advogados e professores, que as transpõem e lhe dissimulam a mobilidade, a incoerência e o simplismo, elas permanecem pouco conhecidas. Hoje, o povo soberano é tão adulado quanto foram, outrora, os piores déspotas. As suas paixões baixas, os seus ruidosos apetites, as suas ininteligentes aspirações suscitam admiradores. Para os políticos, servidores da plebe, os factos não existem, as realidades não têm nenhum valor, a natureza deve-se submeter a todas as fantasias do número.
A alma popular (…) tem, como principal característica, a circunstância de ser inteiramente dominada por elementos afectivos e místicos. Não podendo nenhum argumento racional refrear nela as impulsões criadas por esses elementos, ela obedece-lhes imediatamente.
O lado místico da alma das multidões é, muitas vezes, mais desenvolvido ainda do que o seu lado afectivo. Daí resulta uma intensa necessidade de adorar alguma coisa: deus, feitiço, personagem ou doutrina.
(…) O ponto mais essencial, talvez, da psicologia das multidões é a nula influência que a razão exerceu nelas. As ideias susceptíveis de influenciar as multidões não são ideias racionais, porém sentimentos expressos sob forma de ideias.

Continue lendo…