A MultidĂŁo Embrutece
Assim que muitos homens se encontram juntos, perdem-se. A multidĂŁo transporta as suas unidades do presente para o passado e precipita-as de cima para baixo: trata-se de um recuo e uma decadĂȘncia.
Todo o homem, lĂĄ dentro, converte-se noutro – mas pior. Nas multidĂ”es, a uniĂŁo Ă© constituĂda pelos inferiores e fundada nas partes inferiores de todas as almas. SĂŁo florestas em que os ramos altos nĂŁo se entrelaçam, mas apenas, em baixo na escuridĂŁo, as raĂzes terrosas. Todos perdem o que os torna diferentes e melhores, enquanto o antigo rĂșstico – que, entre obstĂĄculos, mordaças e açaimos, parecia aniquilado – acorda e muge. Em todas as multidĂ”es, como em toda a Humanidade, os medĂocres sĂŁo infinitamente mais que os grandes, os calmos que os violentos, os simples que os profundos, os primitivos que os civilizados, e Ă© a maioria que cria a alma comum que imbrica e nivela todo o agrupamento de homens.
Aquele que em cada um forma o seu superior nĂŁo pode conformar-se e fundir-se – Ă© a pessoa Ășnica e, portanto, incomunicĂĄvel. Toda a pessoa se opĂ”e Ă s outras, existe enquanto Ă© diferente, nĂŁo se pode liquefazer num todo. Mas hĂĄ em cada um de nĂłs,
Textos sobre Niveladores
2 resultadosOs Elementos Fixadores da Personalidade
Os resĂduos ancestrais formam a camada mais profunda e mais estĂĄvel do carĂĄcter dos indivĂduos e dos povos. Ă pelo seu âeuâ ancestral que um inglĂȘs, um francĂȘs, um chinĂȘs, diferem tĂŁo profundamente.
Mas a esses remotos atavismos sobrepĂ”em-se elementos suscitados pelo meio social (casta, classe, profissĂŁo, etc.), pela educação e ainda por muitas outras influĂȘncias. Eles imprimem Ă nossa personalidade uma orientação assaz constante. SerĂĄ o âeuâ, um pouco artificial, assim formado, que exteriorizaremos cada dia.
Entre todos os elementos formadores da personalidade, o mais activo, depois da raça, Ă© o que determina o agrupamento social ao qual pertencemos. Fundidas no mesmo molde pelas idĂ©ias, as opiniĂ”es e as condutas semelhantes que lhes sĂŁo impostas, as individualidades de um grupo: militares, magistrados, padres, operĂĄrios, marinheiros, etc., apresentam numerosos carĂĄcteres idĂȘnticos.
As suas opiniĂ”es e os seus juĂzos sĂŁo, em geral, vizinhos, porquanto sendo cada grupo social muito nivelador, a originalidade nĂŁo Ă© tolerada nele. Aquele que se quer diferenciar do seu grupo tem-no inteiramente por inimigo.
Essa tirania dos grupos sociais, na qual insistiremos, nĂŁo Ă© inĂștil. Se os homens nĂŁo tivessem por guia as opiniĂ”es e a maneira de proceder daqueles que os cercam,