Textos sobre Pobres de Giovanni Papini

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Textos de pobres de Giovanni Papini. Leia este e outros textos de Giovanni Papini em Poetris.

O Risco de Nunca termos Conhecido a nossa Verdadeira Alma

São muito raros aqueles que morrem tendo possuído verdadeiramente a sua alma. Com frequência, nem sequer a conheceram. Desde a primeira idade, tiveram na sua frente os exemplos que lhes pareciam óptimos e, a pouco e pouco, lhes moldaram, comprimiram e mascararam a sua natureza. Se essa natureza era baixa e pobre e os exemplos foram bem escolhidos, a imitação evitou mais um idiota ou delinquente.
Todavia, em muitos casos, trata-se de naturezas ricas e generosas que teriam podido dar mais do que obtiveram com o método quadrúmano – e vale muito mais um talento pequeno, mas novo, do que a imitação medíocre de um génio.
Mas quase ninguém se atreve a ser o que é e todos querem ser outros. E como nem a todos se adapta o modelo que escolheram, a imitação resulta quase sempre inferior ao modelo: um desenho tosco efectuado numa parede vale sempre mais do que uma cópia da Sibila de Miguel Ângelo.
Mas o homem não pode deixar de copiar e não faz senão copiar: é um fabricante de duplicados. Porque quer ter uma réplica do mundo, reduzida às proporções humanas e aos seus gostos.

Nunca nos Assemelhamos a nós Próprios

O homem não é conhecível a si próprio, porque a sua vida consiste em esforços alternados para ser o que não é, e essa transposição e substituição contínuas de almas irreais e estranhas fazem com que aquilo que na verdade e, ao contrário de Deus, pareça o que nunca é. Mesmo no mais pobre de nós existem pelo menos sete homens.
Há aquele que parece aos outros e o julgado, justamente, sabe quase sempre que não é.
Há aquele que diz ser e ele próprio sabe não ser, porque a vaidade ou medo tornam sempre mentiroso.
Há aquele que julga ser e é o mais distante da verdade, que cada um se inclina para se julgar aquilo que não é, por uma retorsão do orgulho que afasta tudo o pior, que é a maioria.
Há aquele que quereria ser, o mito pessoal de todo o homem, o sonho reservado ao futuro, aquele que depois deforma todas as autobiografias.
Aquele que finge ser para comodidade e necessidade da vida comum, onde o insensível deve mostrar-se caloroso, o avarento liberal e o vil corajoso.
Há aquele que se poderia chamar o nosso duplo desconhecido: a personalidade subconsciente,

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