Passagens sobre Génios

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Personalidades Potenciais

Trazemos connosco personalidades potenciais que acontecimentos ou acidentes podem potencializar. Assim, a Revolução fez surgir o génio político ou militar nos jovens destinados a uma carreira medíocre numa época normal; a guerra provoca o advento de heróis e de carrascos; a ditadura totalitária transformou seres pálidos em monstros. O exercício incontrolado do poder pode «tornar o sábio louco» (Alain) mas pode tornar sábio o louco, e dar génio ao medíocre, como no caso de Hitler e Estaline. E também as possibilidades de génio ou de demência, de crueldade ou de bondade, de santidade ou de monstruosidade, virtuais em todos os seres, podem desenvolver-se em circunstâncias excepcionais.
Inversamente, estas possibilidades nunca chegarão à luz do dia na chamada vida normal: nos nossos dias, César seria funcionário da CEE, Alexandre teria escrito uma vida de Aristóteles para uma colecção de divulgação, Robespierre seria adjunto de Pierre Mauroy na Câmara de Arras, e Bonaparte seria do séquito de Pascua.

O Fim Das Coisas

Pode o homem bruto, adstricto à ciência grave,
Arrancar, num triunfo surpreendente,
Das profundezas do Subconsciente
O milagre estupendo da aeronave!

Rasgue os broncos basaltos negros, cave,
Sôfrego, o solo sáxeo; e, na ânsia ardente
De perscrutar o íntimo do orbe, invente
A limpada aflogística de Davy!

Em vão! Contra o poder criador do Sonho
O Fim das Coisas mostra-se medonho
Como o desaguadouro atro de um rio …

E quando, ao cabo do último milênio,
A humanidade vai pesar seu gênio
Encontra o mundo, que ela encheu, vazio!

O Grande Homem

A definição de «grande homem» está feita já, e com exactidão. O grande homem é aquele que pelo raciocínio atingiu uma maior soma de verdade, ou pela imaginação as maiores formas de beleza, ou pela acção os mais altos resultados, do que todos os seus contemporâneos na latitude do seu século. Esta obra superior em verdade, em beleza, em bondade ou utilidade, é produzida por um não sei quê que possui o grande homem, que se chama génio, cuja natureza não está suficientemente explicada mas que constitui uma força infinitamente maior que o simples talento, o simples gosto ou a simples virtude.

O Homem de Génio (II)

O homem de génio é um intuitivo que se serve da inteligência para exprimir as suas intuições. A obra de génio — seja um poema ou uma batalha — é a transmutação em termos de inteligência de uma operação superintelectual. Ao passo que o talento, cuja expressão natural é a ciência, parte do particular para o geral, o génio, cuja expressão natural é a arte, parte do geral para o particular. Um poema de génio é uma intuição central nítida resolvida, nítida ou obscuramente (conforme o talento que acompanhe o génio), em transposições parciais intelectuais. Uma grande batalha é uma intuição estratégica nítida desdobrada, com maior ou menor ciência, conforme o talento do estratégico, em transposições tácticas parciais.
O génio é uma alquimia. O processo alquímico é quádruplo: 1) putrefação; 2) albação; 3) rubificação; 4) sublimação. Deixam-se, primeiro, apodrecer as sensações; depois de mortas embranquecem-se com a memória; em seguida rubificam-se com a imaginação; finalmente se sublimam pela expressão.

Uma Direcção, e Não Soluções

A diferença entre solução e direcção é esta: a solução é sempre um remédio passageiro para disfarçar a desgraça. Ao passo que a direcção é a própria dignidade posta nas mãos do desgraçado para que deixe de o ser, e a direcção única é a garantia perpétua dessa dignidade. E foi o que fez Goethe: Descobriu a direcção única. Artista, na verdadeira acepção da palavra; Artista é aquele que precede a própria ciência. Por isso Goethe afastou-se de quantas realidades irrealizáveis onde costumam habitar instaladas as gentes. E impassível, desde cima, assistiu ao desenrolar da tragédia. E viu o mundo inteiro por cima de todas as cabeças, e viu a Europa toda e com cada um dos seus pedaços, e viu cada indivíduo da Humanidade como um pequenino astro tonto que nem sabe sequer ir na parábola da sua própria trajectória, e viu que de todos os seres deste mundo o único que errava o seu fim era o Homem, o dono da Terra! E viu que era na Humanidade que estavam os únicos seres deste mundo que não cumpriam com o seu próprio destino, e finalmente viu! Viu com os seus próprios olhos o que ninguém tinha visto antes dele.

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Se as pessoas me procuram não é por eu ser um génio coisa nenhuma. Sou uma pessoa inteiramente normal. É por de repente verem do lado de fora dito aquilo que elas pensaram sempre do lado de dentro, e, por exemplo, os tais processos de educação aprenderam a reprimir.

Julgar Pelas Aparências

A beleza é uma forma de Génio… diria mesmo que é mais sublime do que o Génio por não precisar de qualquer explicação. É um dos grandes factos do mundo, como a luz do sol ou a Primavera, ou o reflexo nas escuras águas dessa concha de prata a que chamamos lua. É inquestionável. Tem um direito de soberania divino. Eleva os seus possuidores à categoria de príncipes. Está a sorrir ? Ah, quando a tiver perdido com certeza que não há-de sorrir… às vezes as pessoas dizem que a Beleza é apenas superficial, e pode bem ser. Mas pelo menos não é tão superficial como o Pensamento. Para mim, a Beleza é a maravilha das maravilhas. Só as pessoas frívolas é que não julgam pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível e não o invisível…

Hoje Tomei a Decisão de Ser Eu

Hoje, ao tomar de vez a decisão de ser Eu, de viver à altura do meu mister, e, por isso, de desprezar a ideia do reclame, e plebeia sociabilizacão de mim, do Interseccionismo, reentrei de vez, de volta da minha viagem de impressões pelos outros, na posse plena do meu Génio e na divina consciência da minha Missão. Hoje só me quero tal qual meu carácter nato quer que eu seja; e meu Génio, com ele nascido, me impõe que eu não deixe de ser.
Atitude por atitude, melhor a mais nobre, a mais alta e a mais calma. Pose por pose, a pose de ser o que sou.
Nada de desafios à plebe, nada de girândolas para o riso ou a raiva dos inferiores. A superioridade não se mascara de palhaço; é de renúncia e de silêncio que se veste.
O último rasto de influência dos outros no meu carácter cessou com isto. Reconheci — ao sentir que podia e ia dominar o desejo intenso e infantil de « lançar o Interseccionismo» — a tranquila posse de mim.
Um raio hoje deslumbrou-me de lucidez. Nasci.

O génio de um bom chefe é deixar atrás de si uma situação em que o bom senso, sem a graça do génio, possa continuar com êxito.

Quando aparecer no mundo um gênio de verdade será reconhecido com facilidade, poi todos se unirão contra ele.

O Caminho para se Tornar um Homem de Valor

O caminho para se tornar um homem de valor passa por saber rodear-se. É muito eficaz o trato humano; comunicam-se os costumes e os gostos, nele se transmite o génio e também o engenho, sem sentir. Por isso, procure o ágil juntar-se ao comedido, e assim os demais génios; com isso conseguirá a temperança sem constrangimento. É de grande destreza saber temperar-se. A alternância de contrários aformoseia o universo e o sustenta, e, se causa harmonia no que é natural, maior ainda no que é moral. Valha-se dessa sagaz advertência na escolha de amigos e de fâmulos, pois com a comunicação dos extremos se há-de ajustar um meio razoável.

1A Sombra – Marieta

Como o gênio da noite, que desata
O véu de , rendas sobre a espádua nua,
Ela solta os cabelos… Bate a lua
Nas alvas dobras de um lençol de prata

O seio virginal que a mão recata,
Embalde o prende a mão… cresce, flu
Sonha a moça ao relento… Além na
Preludia um violão na serenata!…

… Furtivos passos morrem no lajedo…
Resvala a escada do balcão discreta…
Matam lábios os beijos em segredo…

Afoga-me os suspiros, Marieta!
Oh surpresa! oh palor! oh pranto! oh medo!
Ai! noites de Romeu e Julieta…

Do Juízo Estético

Toda a arte pressupõe regras na base das quais uma produção, se deve considerar-se artística, é representada, em primeiro lugar, como possível; mas o conceito das belas-artes não permite derivar o juízo sobre a beleza da produção de qualquer regra que tenha um conceito como princípio determinante, em virtude de pôr como fundamento um conceito do modo por que tal é possível. Assim, a arte do belo não pode inventar ela mesma a regra segundo a qual realizará a sua produção. Mas, como sem regra anterior um produto não pode ser artístico, é necessário que a natureza dê a regra de arte ao próprio sujeito (na concordância das suas faculdades), isto é, as belas-artes só podem ser o produto do génio.
Daí se conclui: 1º Que o génio é o talento de produzir aquilo de que se não pode dar regra determinada, mas não é a aptidão para o que pode ser apreendido consoante uma qualquer regra; portanto, a sua primeira característica é a originalidade. 2º Que as suas produções, visto que o absurdo também pode ser original, devem simultaneamente ser modelos, isto é, ser exemplares; por consequência, não sendo obras de imitação, têm de ser propostas à imitação das outras,

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Génio do Mal

Gostavas de tragar o universo inteiro,
Mulher impura e cruel! Teu peito carniceiro,
Para se exercitar no jogo singular,
Por dia um coração precisa devorar.
Os teus olhos, a arder, lembram as gambiarras
Das barracas de feira, e prendem como garras;
Usam com insolência os filtros infernais,
Levando a perdição às almas dos mortais.

Ó monstro surdo e cego, em maldades fecundo!
Engenho salutar, que exaure o sangue do mundo
Tu não sentes pudor? o pejo não te invade?
Nenhum espelho há que te mostre a verdade?
A grandeza do mal, com que tu folgas tanto.
Nunca, jamais, te fez recuar com espanto
Quando a Natura-mãe, com um fim ignorado,
— Ó mulher infernal, rainha do Pecado! —
Vai recorrer a ti para um génio formar?

Ó grandeza de lama! ó ignomínia sem par.

Tradução de Delfim Guimarães

A Importância de Dostoievski na Literatura

Os dois grandes monumentos do romance que o século passado (XIX) nos legou, ou seja aqueles em que poderemos reconhecer-nos, foram os erguidos por Tolstoi e por Dostoievski. Mas se a lição do primeiro foi facilmente assimilada, a do segundo levou tempo – e tanto, que só hoje acabámos de entendê-la bem. Significa isto que Tolstoi, com incidências menores de moralização, continua um Balzac, é bem do século XIX. E foi por se pretender à força ligar a esse século também um Dostoievski que ele só tarde se nos revelou, para dominar ainda hoje, diga-se o que se disser, todo o romance europeu. Para usar uma expressão que já usei, não com inteira originalidade, e a que a crítica me ligou, direi que Tolstoi continua o romance-espectáculo e que Dostoievski inaugura o romance-problema.

Dir-se-ia, e com razão, que todo o romance é problema e espectáculo, já que o espectáculo resiste num romance de Kafka ou Dostoievski, e o problema implicita-se numa qualquer narrativa, nem que seja o Amadis de Gaula. Mas é tão visível a deslocação do acento na obra de Dostoievski, que ela foi defendida, para existir, pelo que lhe é inessencial (como por um Brunetière e recentemente um Ernst Fischer,

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Fracasso e Inactividade

Nós temos de tomar sempre em conta o fracasso, senão acabamos abruptamente na inactividade, pensei eu, assim como, fora da nossa cabeça, não há nada contra que tenhamos de proceder com mais decisão do que contra a nossa inactividade, temos também, dentro da nossa cabeça, de proceder do mesmo modo contra a inactividade, mais ou menos com a falta de contemplação que nos é própria. Nós temos de nos permitir o pensamento, temos de o ousar, mesmo com o risco de logo fracassarmos, porque de repente nos é impossível ordenar os nossos pensamentos, dado que, quando pensamos, temos de tomar sempre em conta todos os pensamentos que há, que são possíveis, fracassamos sempre naturalmente; nós, no fundo, sempre fracassados e todos os outros também, seja como for que se tenham chamado, mesmo que tenham sido os maiores de todos os génios, de repente, num ponto qualquer, eles fracassaram e o seu sistema desmoronou-se, como provam os seus escritos, que nós admiramos, porque são os que, no fracasso, mais longe foram levados. Pensar significa fracassar, pensei eu. Agir significa fracassar. Mas, naturalmente, nós não agimos para fracassar, tal como não pensamos para fracassar, pensei eu.