Textos sobre Torpor de SĂ©neca

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Textos de torpor de SĂ©neca. Leia este e outros textos de SĂ©neca em Poetris.

Trabalho e Descanso na Justa Medida

A mente nĂŁo se deve manter sempre na mesma intenção ou tensĂŁo, antes deve dar-se tambĂ©m Ă  diversĂŁo. SĂłcrates nĂŁo se envergonhava de brincar com as crianças, CatĂŁo aliviava com vinho o seu ânimo fatigado dos cuidados pĂşblicos e CipiĂŁo dançava com aquele corpo triunfante e militar (…) O nosso espĂ­rito deve relaxar: ficará melhor e mais apto apĂłs um descanso. Tal como nĂŁo devemos forçar um terreno agrĂ­cola fĂ©rtil com uma produtividade ininterrupta que depressa o esgotaria, tambĂ©m o esforço constante esvaziará o nosso vigor mental, enquanto um curto perĂ­odo de repouso restaurará o nosso poder. O esforço continuado leva a um tipo de torpor mental e letargia. Nem os desejos dos homens devem encaminhar-se tĂŁo depressa nesta direcção se o desporto e o jogo os envolvem numa espĂ©cie de prazer natural; embora uma repetida prática destrua toda a gravidade e força do nosso espĂ­rito. Afinal, o sono tambĂ©m Ă© essencial para nos restaurar, mas se o prolongássemos constantemente, dia e noite, seria a morte.

Insiste no BenefĂ­cio

Queixas-te de teres dado com um ingrato! Se Ă© a primeira vez que isso te sucede bem podes agradecer Ă  tua sorte… ou Ă  tua prudĂŞncia. Mas esta Ă© uma questĂŁo em que a prudĂŞncia apenas fará de ti um homem azedo, pois se pretenderes evitar o perigo da ingratidĂŁo nunca mais farás benefĂ­cios a ninguĂ©m. Quer dizer, para que os teus benefĂ­cios nĂŁo sejam em vĂŁo, privas-te de fazĂŞ-los. A verdade Ă© que Ă© preferĂ­vel proporcionar benefĂ­cios mesmo sem contrapartida do que renunciar a beneficiar os outros: há que voltar a semear, mesmo depois de uma má colheita! As sementeiras perdidas por uma prolongada estirilidade de um terreno pouco fĂ©rtil podem ser compensadas pela abundância de uma Ăşnica messe. Para encontrarmos um sĂł homem grato vale bem a pena sujeitarmo-nos Ă  ingratidĂŁo de muitos.
Ao distribuir benefícios ninguém tem a mão tão certeira que não se possa com frequência enganar: pois sejam em vão esses benefícios, desde que uma ou outra vez sejam bem aplicados! Não é um naufrágio que põe termo à navegação, como não é a presença de um falido que impede o usurário de montar banca no foro. Em breve a nossa vida se transformará num torpor inutilmente ocioso se pretendermos eximir-nos à mínima contrariedade.

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