Para Além do Hoje
Cada vez mais se vive o momento. Fugimos do passado e temos medo do futuro, o que implica que somos forçados a viver um presente demasiado pequeno.
Os tempos de descanso devem ser ocasião de trabalho interior. Mas, vai sendo cada vez mais raro encontrar gente com memória, assim com também é raro encontrar pessoas com discernimento suficiente para se comprometerem em projetos a longo prazo.
Navega-se Ă vista… sem riscos, sem sucessos nem fracassos… sem sentido. Vamos dando as respostas mĂnimas ao mundo e aos outros, em vez de sermos protagonistas dos nossos sonhos e herĂłis apesar das nossas derrotas.
O passado e o futuro nĂŁo sĂŁo mentira. SĂŁo partes da verdade. Sou o que fui e o que serei. Uma identidade que vive no tempo, uma coerĂŞncia que se constrĂłi atravĂ©s diferentes espaços e tempos, amando o que há de eterno em cada momento. Elevando o espĂrito acima da realidade concreta do mundo.Uma existĂŞncia autĂŞntica – uma vida com valor – constrĂłi-se com uma estrutura sĂłlida, equilibrada e aberta a horizontes mais longĂnquos em termos temporais. Um presente maior, com mais passado e mais futuro. Sermos quem somos, de olhos abertos.
Textos sobre Vista de JosĂ© LuĂs Nunes Martins
5 resultadosA Minha FamĂlia Ă© a Minha Casa
A solidĂŁo absoluta Ă© nĂŁo ter ninguĂ©m a quem dizer um simples: “tenho vontade de chorar”. NĂŁo precisamos de muito para viver bem – para ser feliz basta uma famĂlia e pouco mais.
A famĂlia Ă© a casa e a paz. O refĂşgio onde uma vontade de chorar nĂŁo Ă© motivo de julgamento, apenas e sĂł uma necessidade sĂşbita de… famĂlia. De um equilĂbrio para o qual o outro Ă© essencial… assim tambĂ©m se passa com a vontade de sorrir que, em famĂlia, se contagia apenas pelo olhar.
Nos dias de hoje vai sendo cada vez mais difĂcil encontrar gente capaz de ser famĂlia. Os egoĂsmos abundam e cultiva-se, sozinho, o individual. Como se nĂŁo houvesse espaço para o amor. Dizem que amar Ă© arriscado, que Ă© coisa de loucos…
Todos temos sentimentos mais profundos. Cada um de nĂłs Ă© uma unidade, mas o que somos passa por sermos mais do que um. Parte de unidades maiores. Estamos com quem amamos e quem amamos tambĂ©m está, de alguma forma, connosco. O amor Ă© o que existe entre nĂłs e nos enlaça os sentimentos mais profundos. Onde uma vontade de chorar Ă© um sinal de que há algo em mim que Ă© maior do que eu…
Todos Erramos
Apontamos quase sempre o dedo a quem erra… Condenamos os outros com enorme facilidade. Compreendemo-los pouco, perdoamo-los ainda menos. Mas, será que atirar pedras Ă© o mais justo, eficaz e melhor?
Temos uma necessidade quase primária de julgar o comportamento alheio, de o analisar e avaliar ao mais Ănfimo detalhe, sempre de um ponto de vista superior, como se o sentido da nossa existĂŞncia, a nossa missĂŁo, passasse por sentenciar todos quantos cruzam a sua vida com a nossa… condenando-os… na firme convicção de que assim estamos a ajudar… a melhorar.
Comete erro em cima de erro quem se dedica a julgar os erros dos outros…
Julgamos de forma absoluta, na maior parte das vezes, generalizando um gesto ou dois, achando que cada pequena ação revela tudo quanto há a saber sobre determinada pessoa… mais, achamos que cada homem ou Ă© bom ou Ă© mau… como se nĂŁo fossemos todos… de carne e osso… de luz e sombras.
Já a nĂłs nĂŁo nos julgamos nem nos deixamos julgar. Consideramos que, no caso especĂfico da nossa vida, sĂŁo tantos os factores que tĂŞm de se levar em conta (quase todos atenuantes) que se torna impossĂvel qualquer tipo de veredicto…
Sexo, Poder e Dinheiro
A nossa sociedade gravita em torno de 3 eixos. Muito poucos são os que não se deixam cair em nenhuma das reais tentações do aparente.
O culto destas dimensões imediatas da identidade remete para planos secundários todas as categorias interiores que a estruturam e consubstanciam, dispensando ponderação e reflexão, abrem alas a uma preguiça estranha que se contenta com o superficial. Quase uma animalidade consentida, mas sem sentido.
O sexo, fazendo parte da vida, nĂŁo Ă© contudo o mais importante. O hábito consome-se com tremenda rapidez, e o corpo Ă© apenas uma Ănfima parte do que somos, o albergue temporário de uma interioridade composta por, tantas vezes, tenebrosas podridões, vulgaridades comuns e, por vezes tambĂ©m, belezas indescritĂveis. Felizmente, o ser humano Ă© capaz de ver para bem mais longe do que a vista alcança, e ver o outro atravĂ©s do seu corpo.O poder atrai e corrompe, muito antes de ser atingido. Promete o que há de melhor pela amplificação da liberdade, mas como nĂŁo dá nunca o discernimento essencial Ă s escolhas que determinam os passos que nos aproximam da felicidade, ilude enquanto afoga quem se julga por ele abraçado.
O dinheiro é o que parece mover com mais eficácia o mundo,
Ser MĂŁe Ă© Aceitar. Tudo.
Ser mĂŁe Ă© receber em si um outro que lhe vem de fora e acolhĂŞ-lo em vista de um futuro que pressente mas que, de maneira nenhuma, sabe explicar. Ser mĂŁe Ă©, antes de mais, aceitar. Tudo. Tudo.
É aceitar em si um outro para o qual ela se torna o mundo: gerando-o, alimentando-o, comendo, bebendo e respirando com ele… ele dentro de si, ela em volta dele.
É deixar esse outro ir embora e voltar a recebĂŞ-lo em cada dia, quando ele volta, quando ele se revolta e, tambĂ©m, quando ele nĂŁo volta…
Ser mĂŁe Ă© acolher o que o outro lhe dá. Mas nĂŁo como quem se alimenta do que lhe vem de fora, transformando-o em vida, que acolhe em si, e devolvendo ao mundo, já morto, aquilo que sobra. Ser Ă© mĂŁe Ă© dar-se como alimento, transformando-se na vida daquele a quem se dá para depois… voltar depois ao mundo, gasta, apenas com o que lhe sobra.
Ser mãe é dar-se. Aceitando sempre qualquer resultado e resposta.Uma mãe, mais do que dar um filho ao mundo, deve dar um mundo ao filho. Um melhor que este, cheio de esperança e sonhos,