Para Além do Hoje

Cada vez mais se vive o momento. Fugimos do passado e temos medo do futuro, o que implica que somos forçados a viver um presente demasiado pequeno.

Os tempos de descanso devem ser ocasião de trabalho interior. Mas, vai sendo cada vez mais raro encontrar gente com memória, assim com também é raro encontrar pessoas com discernimento suficiente para se comprometerem em projetos a longo prazo.

Navega-se Ă  vista… sem riscos, sem sucessos nem fracassos… sem sentido. Vamos dando as respostas mĂ­nimas ao mundo e aos outros, em vez de sermos protagonistas dos nossos sonhos e herĂłis apesar das nossas derrotas.
O passado e o futuro nĂŁo sĂŁo mentira. SĂŁo partes da verdade. Sou o que fui e o que serei. Uma identidade que vive no tempo, uma coerĂȘncia que se constrĂłi atravĂ©s diferentes espaços e tempos, amando o que hĂĄ de eterno em cada momento. Elevando o espĂ­rito acima da realidade concreta do mundo.

Uma existĂȘncia autĂȘntica – uma vida com valor – constrĂłi-se com uma estrutura sĂłlida, equilibrada e aberta a horizontes mais longĂ­nquos em termos temporais. Um presente maior, com mais passado e mais futuro. Sermos quem somos, de olhos abertos.

NĂŁo devemos viver dia a dia, mas sim semana a semana, mĂȘs a mĂȘs, ano a ano… precisamos de assumir que a nossa vida Ă© tĂŁo bela quanto enorme, fugindo Ă  triste lĂłgica de tentar aproveitar cada dia como se fosse o Ășltimo… nĂŁo serĂĄ a nossa vida muito maior e mais profunda que isso?

Sem as referĂȘncias do passado e sem as responsabilidades do futuro, o momento nĂŁo Ă© presença, Ă© ausĂȘncia.