O Amor nĂŁo Acontece. Decide-se.
HĂĄ quem julgue que o amor Ă© alheio Ă vontade humana, algo superior que elege, embala e conduz⊠e que quase nada se pode fazer perante tamanha força. Isso Ă© uma mera paixĂŁo no seu sentido menos nobre. E, nesse caso, sim, o amor acontece… Ao contrĂĄrio, amar Ă© estar acima das paixĂ”es e dos apetites. Mesmo quando o amor nasce de uma espontaneidade, resulta de um claro discernimento.
O amor decorre de uma decisĂŁo. De um compromisso. ConstrĂłi-se de forma consciente. AtravĂ©s do heroĂsmo de alguĂ©m livre que decide ser o que poucos ousam. Escolhe para fim de si mesmo ser o meio para a felicidade daquele a quem ama. Sim, decide-se amar e, sim, decide-se a quem amar.
O amor autĂȘntico Ă© raro e extraordinĂĄrio, embora o seu nome sirva para quase tudo… a maior parte das vezes designa egoĂsmos entrelaçados, cada vez mais comuns. SĂŁo poucos os que se aventuram, os que arriscam tudo, os que se dispĂ”em a amar mesmo quando sabem que poucos sequer perceberĂŁo o que fazem, o seu porquĂȘ e o para quĂȘ.
O amor nĂŁo supĂ”e reciprocidade. Amar Ă© dar-se por completo e aceitar tudo… nĂŁo se contabilizam ganhos e perdas,
Textos sobre Risco de JosĂ© LuĂs Nunes Martins
3 resultadosPara Além do Hoje
Cada vez mais se vive o momento. Fugimos do passado e temos medo do futuro, o que implica que somos forçados a viver um presente demasiado pequeno.
Os tempos de descanso devem ser ocasião de trabalho interior. Mas, vai sendo cada vez mais raro encontrar gente com memória, assim com também é raro encontrar pessoas com discernimento suficiente para se comprometerem em projetos a longo prazo.
Navega-se Ă vista… sem riscos, sem sucessos nem fracassos… sem sentido. Vamos dando as respostas mĂnimas ao mundo e aos outros, em vez de sermos protagonistas dos nossos sonhos e herĂłis apesar das nossas derrotas.
O passado e o futuro nĂŁo sĂŁo mentira. SĂŁo partes da verdade. Sou o que fui e o que serei. Uma identidade que vive no tempo, uma coerĂȘncia que se constrĂłi atravĂ©s diferentes espaços e tempos, amando o que hĂĄ de eterno em cada momento. Elevando o espĂrito acima da realidade concreta do mundo.Uma existĂȘncia autĂȘntica â uma vida com valor â constrĂłi-se com uma estrutura sĂłlida, equilibrada e aberta a horizontes mais longĂnquos em termos temporais. Um presente maior, com mais passado e mais futuro. Sermos quem somos, de olhos abertos.
Amar Ă© arriscar. Tudo.
O amor Ă© algo extraordinĂĄrio e muito raro. Ao contrĂĄrio do que se pensa nĂŁo Ă© universal, nĂŁo estĂĄ ao alcance de todos, muito poucos o mantĂȘm aqui. Chama-se amor a muita coisa, desde todos os seus fingimentos atĂ© ao seu contrĂĄrio: o egoĂsmo.
A banalidade do gosto de ti porque gostas de mim é uma aberração intelectual e um sentimento mesquinho. Negócio estranho de contabilidade organizada. Amar na verdade, amar, é algo que poucos aguentam, prefere-se mudar o conceito de amor a trocar as voltas à vida quando esta parece tão confortåvel.
Amar Ă© dar a vida a um outro. A sua. A Ășnica. Arriscar tudo. Tudo. A magnĂfica beleza do amor reside na total ausĂȘncia de planos de contingĂȘncia. Quando se ama, entrega-se a vida toda, ali, desprotegido, correndo o tremendo risco de ficar completamente sĂł, assumindo-o com coragem e dando um passo adiante. Por isso a morte pode tĂŁo pouco diante do amor. Quase nada. Ama-se por cima da morte, porquanto o fim nĂŁo Ă© o momento em que as coisas se separam, mas o ponto em que acabam.NĂŁo Ă© por respirar que estamos vivos, mas Ă© por nĂŁo amar que estamos mortos.