Ă DiscĂłrdia
Pouco importa amarrar com mĂŁo valente
A DiscĂłrdia infernal, com cem cadeias,
Que ela tem subtilezas, tem ideias
De saber desligar-se facilmente.De que serve lançar limpa semente
Em chĂŁo infecto, de zizĂąnias feias,
De ervilhacas, lericas, joio, aveias,
Sem os campos limpar primeiramente?Ninguém, té gora, à ligadura górdia
O nĂł soube desdar, que o vil EgoĂsmo
Empata as vazas Ă geral ConcĂłrdia.NĂŁo se pode extinguir o Despotismo,
Nem acabar c’o impĂ©rio da DiscĂłrdia,
Sem cortar a raiz do Fanatismo.
Passagens sobre Valentes
64 resultadosSobre o Falso
Somos falsos de maneiras diferentes. HĂĄ homens falsos que querem parecer sempre o que nĂŁo sĂŁo. Outros hĂĄ de melhor fĂ©, que nasceram falsos, se enganam a si prĂłprios o nunca vĂȘem as coisas tal como sĂŁo. HĂĄ alguns cujo espĂrito Ă© estreito e o gosto falso. Outros tĂȘm o espĂrito falso, mas alguma correcção no gosto. E ainda hĂĄ outros que nĂŁo tĂȘm nada de falso, nem no gosto nem no espĂrito. Estes sĂŁo muito raros, jĂĄ que, em geral, nĂŁo hĂĄ quase ninguĂ©m que nĂŁo tenha alguma falsidade algures, no espĂrito ou no gosto.
O que torna essa falsidade tĂŁo universal, Ă© que as nossas qualidades sĂŁo incertas e confusas e a nossa visĂŁo tambĂ©m: nĂŁo vemos as coisas tal como sĂŁo, avaliamo-las aquĂ©m ou alĂ©m do que elas valem e nĂŁo as relacionamos connosco da forma que lhes convĂ©m e que convĂ©m ao nosso estado e Ă s nossas qualidades. Esse erro de cĂĄlculo traz consigo um nĂșmero infinito de falsidades no gosto e no espĂrito: o nosso amor-prĂłprio lisonjeia-se como tudo que se nos apresenta sob a aparĂȘncia de bem; mas como hĂĄ vĂĄrias formas de bem que sensibilizam a nossa vaidade ou o nosso temperamento,
Ă mĂŁo dos fracos, morrem os valentes.
Lua Nova
Mãe dos frutos, Jaci, no alto espaço
Ei-la assoma serena e indecisa:
Sopro Ă© dela esta lĂąnguida brisa
Que sussurra na terra e no mar.
NĂŁo se mira nas ĂĄguas do rio,
Nem as ervas do campo branqueia;
Vaga e incerta ela vem, como a idéia
Que inda apenas começa a espontar.E iam todos; guerreiros, donzelas,
Velhos, moços, as redes deixavam;
Rudes gritos na aldeia soavam,
Vivos olhos fugiam pâra o cĂ©u:
Iam vĂȘ-la, Jaci, mĂŁe dos frutos,
Que, entre um grupo de brancas estrelas,
Mal cintila: nem pĂŽde vencĂȘ-las,
Que inda o rosto lhe cobre amplo véu.***
E um guerreiro: âJaci, doce amada,
Retempera-me as forças; não veja
Olho adverso, na dura peleja,
Este braço jå frouxo cair.
Vibre a seta, que ao longe derruba
Tajaçu, que roncando caminha;
Nem lhe escape serpente daninha,
Nem lhe fuja pesado tapir.â***
E uma virgem: âJaci, doce amada,
Dobra os galhos, carrega esses ramos
Do arvoredo coâas frutas* que damos
Aos valentes guerreiros, que eu vou
A buscĂĄ-los na mata sombria,