Passagens de Auguste Comte

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A Ideia da Natureza

A ideia da Natureza é a ideia de um poder e de uma arte divinos inexprimíveis, sem comparação ou medida com o poder e a indústria do homem, que imprime nas suas obras um carácter próprio de majestade e graça, que opera todavia sob o domínio de condições necessárias, que tende fatal e inexoravelmente a um fim que nos ultrapassa, de maneira contudo que essa cadeia de finalidade misteriosa, da qual não podemos demonstrar cientificamente nem a origem, nem o termo, aparece a nós como um fio condutor com a ajuda do qual a ordem é introduzida nos factos observados e que nos coloca no rastro dos factos a pesquisar. A ideia da natureza, esclarecida assim tanto quanto pode ser, não passa da concentração de todos os clarões que a observação e a razão nos fornecem sobre o conjunto dos fenómenos da vida, sobre o sistema dos seres vivos.

Todos os bons intelectos têm repetido, desde o tempo de Bacon, que não pode haver qualquer conhecimento real senão aquele baseado em fatos observáveis.

A arte reconduz suavemente à realidade as contemplações demasiado abstractas do teórico, enquanto impele com nobreza o prático para as especulações desinteressadas.

Para a alma, a religião constitui um consenso normal exactamente comparável ao da saúde em relação ao corpo.

Nada é mais oposto às belas-artes do que a visão estreita, o movimento demasiado analítico e o abuso do raciocínio, próprios ao nosso regime científico, aliás tão funesto ao desenvolvimento moral, primeira fonte de toda a disposição estética.

Como a arte deve sobretudo desenvolver em nós o sentimento da perfeição, jamais tolera a mediocridade: o verdadeiro gosto sempre supõe um vivo desgosto.

Viver pelo Outro

Melhor do que qualquer outro animal sociável, o homem tende cada vez mais a uma unidade realmente altruísta, menos fácil de realizar do que a unidade egoísta, embora muito superior em plenitude e em estabilidade.
(…) Toda a educação humana deve preparar todos para viverem pelo outro a fim de reviverem no outro.
(…) O ser deve-se subordinar a uma existência exterior a fim de nela encontrar a origem da sua própria estabilidade. Ora, essa condição só se pode realizar satisfatoriamente sob o domínio das inclinações que dispõem cada um a viver sobretudo pelo outro.

Nenhuma renovação mental pode realmente regenerar a sociedade a não ser quando a sistematização das ideias conduz à sistematização dos sentimentos, a única socialmente decisiva, e sem a qual jamais a filosofia substituiria a religião.

Na ordem humana, único tipo completo da ordem universal, não existem famílias sem sociedade, assim como sociedades sem famílias.

Os maiores esforços dos génios mais sistemáticos não conseguiriam construir pessoalmente qualquer língua real.