Passagens sobre DiligĂȘncia

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As primeiras horas da manhĂŁ de um dia de julho, uma diligĂȘncia saiu ruidosamente de N., capital da provĂ­ncia de Z., e seguiu pela estrada da mala-posta.

A Roda da Fortuna

NĂŁo se move a roda, sem que a parte que virou para o cĂ©u seja maior repuxo para tocar na terra, e a parte que se viu no ar erguida se veja logo da mesma terra pisada, sem outro impulso para descer, mais que com o mesmo movimento com que subiu; por isso a fortuna fez trono da sua mesma roda, porque, como na figura esfĂ©rica se nĂŁo conhece nela primeiro nem Ășltimo lugar, nas felicidades andam sempre em confusĂŁo as venturas. Na dita com que se sobe, vai sempre entalhado o risco com que se desce. NĂŁo hĂĄ estrela no cĂ©u que mais prognostique a ruĂ­na de um grande, que o levantar de sua estrela. Mais depressa se move aos afagos da grandeza que nos lisonjeia, do que aos desfavores com que a fortuna nos abate.
Quanto trabalharam os homens para subir, tantas foram as diligĂȘncias que fizeram para se arruinarem; porque, como a fortuna (falo com os que nĂŁo sĂŁo benemĂ©ritos) nĂŁo costuma subir a ninguĂ©m por seus degraus, em faltando degraus para a descida, tudo hĂŁo-de ser precipĂ­cios; e diferem muito entre si o descer e o cair. Se perguntarmos o por que caiu Roma, o maior impĂ©rio do Mundo,

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É Virtude Dissimular a Virtude

– Vede, caro Roberto, o senhor de Salazar nĂŁo diz que o sensato deve simular. Sugere-vos, se bem entendi, que deve aprender a dissimular. Simula-se o que nĂŁo se Ă©, dissimula-se o que se Ă©. Se vos gabardes do que nĂŁo fizestes, sois um simulador. Mas se evitardes, sem fazĂȘ-lo notar, mostrar em pleno o que fizestes, entĂŁo dissimulais. É virtude acima de todas as virtudes dissimular a virtude. O senhor de Salazar estĂĄ a ensinar-vos um modo prudente de ser virtuoso, ou de ser virtuoso de acordo com a prudĂȘncia. Desde que o primeiro homem abriu os olhos e soube que estava nu, procurou cobrir-se atĂ© Ă  vista do seu Fazedor: assim a diligĂȘncia no esconder quase nasceu com o prĂłprio mundo. Dissimular Ă© estender um vĂ©u composto de trevas honestas, do qual nĂŁo se forma o falso mas sim dĂĄ algum repouso ao verdadeiro.
A rosa parece bela porque à primeira vista dissimula ser coisa tão caduca, e embora da beleza mortal costume dizer-se que não parece coisa terrena, ela não é mais do que um cadåver dissimulado pelo favor da idade. Nesta vida nem sempre se deve ser de coração aberto, e as verdades que mais nos importam dizem-se sempre até meio.

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Formar Conceito

Formar conceito, e mais do que mais importa. Por nĂŁo pensarem perdem-se todos os nĂ©scios: nunca concebem nas coisas nem a metade; e, como nĂŁo percebem o dano nem a conveniĂȘncia, tampouco aplicam a diligĂȘncia. Alguns fazem muito caso do que pouco importa, e pouco caso do que importa muito, ponderando sempre Ă s avessas. Muitos, por serem faltos de senso, nĂŁo o perdem. Coisas hĂĄ que se deveriam observar com todo o empenho, e conservar na profundidade da mente. O sĂĄbio forma conceito de tudo, ainda que, discernindo, cave onde haja fundo e reparo, pensando Ă s vezes que haja mais do que pensa; de tal sorte que a reflexĂŁo chega aonde nĂŁo chegou a apreensĂŁo.

Da Leitura

NĂŁo leiais para refutar ou contradizer, para aceitar ou aquiescer, para perorar ou discursar, mas para ponderar e considerar. Certos livros devem ser provados; outros engolidos; uns poucos mastigados e digeridos. Quer dizer: devemos ler certos livros apenas parceladamente; outros incuriosamente, e uns poucos da primeira Ă  Ășltima pĂĄgina, com diligĂȘncia e atenção. Alguns livros podem mesmo ser lidos por terceiros, que nos farĂŁo deles um apanhado, mas isso somente no caso de assuntos desimportantes, e de livros medĂ­ocres, pois livros resumidos sĂŁo como ĂĄgua destilada: insĂ­pidos.
O ler faz um homem completo, o conferir destro, o escrever exacto. Bem por isso, se alguĂ©m escreve pouco, deve ter boa memĂłria; se confere pouco, muita sagacidade; se lĂȘ pouco, muita manha para afectar saber o que nĂŁo sabe.