Não ver nada, é privação; ver uma coisa por outra é erro.
Passagens de António Vieira
387 resultadosOs olhos da inveja nunca vêem sem dar olhado.
Amar a quem me aborrece é ser humano com quem o não é comigo; aborrecer a quem me ama, é ser cruel com que mo não merece.
O amor perfeito, e que só merece o nome de amor, vive imortal sobre a esfera da mudança, e não chegam lá as jurisdições do tempo.
É melhor que luzir em todo o tempo, o luzir somente a tempo; assim se enganam os olhos da inveja, e assim se concilia nos ânimos a estimação.
Seja o futuro emenda do passado, e o que há-de ser, satisfação do que foi.
Não se fazerem mercês, é faltar com o prémio à virtude; fazerem-se, é semear benefícios para colher queixas.
Se não quero fazer companhia, arrisco-me a ficar só. Se quero ser amigo de todos, arrisco-me a ter todos por inimigos.
As cidades com ferro se defendem e não com ouro.
Como na guerra não há coisa mais para estimar que o vencer, assim não há outra mais para temer que a mesma vitória.
É empresa arriscada e inútil abraçar-se com quem se vai a perder.
Os muros, como o cinto, não são muros enquanto se não fecham.
Meditar não é outra coisa que cuidar um homem no que lhe importa ou deseja e nenhum há que não medite.
O ingrato não só esteriliza os benefícios, senão também o benfeitor: esteriliza os benefícios, porque os paga com ingratidões e esteriliza o benfeitor, porque vendo o benfeitor que se pagam com ingratidões os seus benefícios, cessa, e não os quer continuar.
Os homens não amam o que cuidam que amam.
Se o só não terá quem o levante, também não terá quem o derrube. E maior felicidade é carecer do perigo de quem me derrube, que haver mister o socorro de quem me levante.
O querer e o poder, se divididos são nada, junto e unidos são tudo.
Instruir é construir.
Mais se dedicam as lisonjas ao interesse de quem as obra, do que ao decoro de quem as admite.
Amar e não ser amado é o maior tormento; ser amado e não amar é a maior injustiça.