Frases de Florbela Espanca

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Frases de Florbela Espanca. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

Quando o teu olhar infindo
Poisa no meu, quase a medo,
Temo que alguém adivinhe
O nosso casto segredo.

Logo minha alma descansa;
Por saber que nunca alguém
Pode imaginar o fogo
Que o teu frio olhar contém.

Tenho tanta paciência para festas! Se me vejo na nossa casinha não acredito e parece-me que sem ti, por querer, nunca mais irei para parte alguma.

Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinteressada delas. Eu sou ao contrário: o tempo passa e a afeição vai crescendo, morrendo apenas quando a ingratidão e a maldade a fizerem morrer.

Esmaguei meu coração
Para o triste te esquecer,
Mas ao sentir os teus passos,
Põe-se a bater… a bater…

Eu não sou boa nem quero sê-lo, contento-me em desprezar quase todos, odiar alguns, estimar raros e amar um.

Sou bem diferente, sou, das outras mulheres todas. Eu quero antes os meus defeitos que as virtudes de todas as outras.

O trabalho para mim é um supremo e doce remédio. Tenho todas as horas ocupadas, não tendo um instante de meu para pensar que a vida é má e estúpida.

Amar a quem nos despreza
É sina que a gente tem;
Eu desprezo quem me odeia
E adoro quem me quer bem.

Vocês compreendem, um morto é um temível rival, um competidor seriíssimo que tem por si as mil vantagens que a ausência e a saudade lhe emprestam. A morte é o Reutlinger das recordações; na objectiva do coração foca-as para sempre em beleza imutável e única.

Quando fito o teu olhar
Tão frio e tão indiferente,
Fico a chorar um amor
Que o teu coração não sente.

Às vezes sinto em mim uma elevação de alma, o voo translúcido duma emoção em que pressinto um pouco do segredo da suprema e eterna beleza; esqueço a minha miserável condição humana, e sinto-me nobre e grande como um morto.

Eu gostava mais de que ficassem as duas quadras de cada soneto dum lado da folha e os dois tercetos do outro lado. Fica o soneto menos duro, lê-se melhor. Assim o soneto todo numa página, dum jacto, não gosto, francamente.

Todas essas belas qualidades que vaidosamente me atribuo, essas coisas lindas que descrevo, são apenas poesia, nada mais que poesia. A realidade é infinitamente menos poética. Sou frágil como um junco, magra e pálida, sem nenhuma beleza, sem nenhum encanto, e a minha célebre cabeleira de ébano – coitada da pobre! – já vai tendo mais cabelos brancos do que negros. Poesia tudo, poesia apenas.