Quando o teu olhar infindo
Poisa no meu, quase a medo,
Temo que alguém adivinhe
O nosso casto segredo.Logo minha alma descansa;
Por saber que nunca alguém
Pode imaginar o fogo
Que o teu frio olhar contém.
Frases de Florbela Espanca
261 resultadosNão costumo acreditar muito nos sonhos… porque de todos se acorda.
Tenho tanta paciência para festas! Se me vejo na nossa casinha não acredito e parece-me que sem ti, por querer, nunca mais irei para parte alguma.
Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinteressada delas. Eu sou ao contrário: o tempo passa e a afeição vai crescendo, morrendo apenas quando a ingratidão e a maldade a fizerem morrer.
Ai as almas dos poetas
Acho que é no casamento que está a felicidade de um homem normal.
Eu quero amar, amar perdidamente. Amar só por amar.
Esmaguei meu coração
Para o triste te esquecer,
Mas ao sentir os teus passos,
Põe-se a bater… a bater…
Eu não sou boa nem quero sê-lo, contento-me em desprezar quase todos, odiar alguns, estimar raros e amar um.
Sou bem diferente, sou, das outras mulheres todas. Eu quero antes os meus defeitos que as virtudes de todas as outras.
O trabalho para mim é um supremo e doce remédio. Tenho todas as horas ocupadas, não tendo um instante de meu para pensar que a vida é má e estúpida.
Amar a quem nos despreza
É sina que a gente tem;
Eu desprezo quem me odeia
E adoro quem me quer bem.
Os portugueses parecem-me saturado de versos e eu, francamente, um pouco saturada de os fazer…
Vocês compreendem, um morto é um temível rival, um competidor seriíssimo que tem por si as mil vantagens que a ausência e a saudade lhe emprestam. A morte é o Reutlinger das recordações; na objectiva do coração foca-as para sempre em beleza imutável e única.
Quem disser que pode amar alguém durante a vida inteira é porque mente.
Quando fito o teu olhar
Tão frio e tão indiferente,
Fico a chorar um amor
Que o teu coração não sente.
Às vezes sinto em mim uma elevação de alma, o voo translúcido duma emoção em que pressinto um pouco do segredo da suprema e eterna beleza; esqueço a minha miserável condição humana, e sinto-me nobre e grande como um morto.
Eu gostava mais de que ficassem as duas quadras de cada soneto dum lado da folha e os dois tercetos do outro lado. Fica o soneto menos duro, lê-se melhor. Assim o soneto todo numa página, dum jacto, não gosto, francamente.
Todas essas belas qualidades que vaidosamente me atribuo, essas coisas lindas que descrevo, são apenas poesia, nada mais que poesia. A realidade é infinitamente menos poética. Sou frágil como um junco, magra e pálida, sem nenhuma beleza, sem nenhum encanto, e a minha célebre cabeleira de ébano – coitada da pobre! – já vai tendo mais cabelos brancos do que negros. Poesia tudo, poesia apenas.
Sentir é muito, compreender é melhor.