Como eu sei pedir quando quero muito alguma coisa… Ninguém sabe dizer-me que não.
Frases de Florbela Espanca
261 resultadosEntusiasmo-me às vezes, mas dura pouco o entusiasmo; isto enquanto a sensações e pensamentos, porque com os sentimentos é o contrário, infelizmente para mim. Tenho o pouco juízo e a patetice de ser constante; não é isso uma desgraça?
Tenho por ti uma paixão
Tão forte e acrisolada,
Que até adoro a saudade
Quando por ti é causada.
Tudo o que é chama a arder, tudo o que sente
Tudo o que é vida e vibra eternamente
É tu seres meu, Amor, e eu ser tua!
Eu não gosto do sol, eu tenho medo que me leiam nos olhos o segredo de não amar ninguém, de ser assim! Gosto da Noite imensa, triste, preta, como esta estranha e doida borboleta que eu sinto sempre a voltejar em mim!…
Afinal, quem é que tem a pretensão de não ser louca?… Loucos somos todos, e livre-me Deus dos verdadeiros ajuizados, que esses são piores que o diabo!
Onde estás ó meu amor,
Que te não vejo aparecer?
Para que quero eu os olhos
Se não servem para te ver?Que me importa a luz suave
Dos olhos que o mundo tem?
Não posso ver os teus olhos
Não quero ver os de ninguém.
Faço às vezes o gesto de quem segura um filho ao colo. Um filho, um filho de carne e osso, não me interessaria talvez, agora… mas sorrio a este, que é apenas amor nos meus braços.
…Quem nos deu asas para andar de rastos? Quem nos deu olhos para ver os astros Sem nos dar braços para os alcançar?!…
Não há dores eternas, e é da nossa miserável condição não poder deter nada que o tempo leva, que o tempo destrói: nem as dores mais nobres, nem as maiores.
Tenho uma tão grande vontade de ver o livro pronto, que parece-me hei-de morrer antes disso.
Eu fui, desde que principiei a conhecer a vida, a mulher sem lar, a mulher casada sem marido, sem lar, a que nunca tivera como todas as raparigas sonham, as horas doces dum noivado que até à morte de recorda.
Dizes tu que os livros te não consolam!? Que te irritam!? Que blasfémia, minha Júlia! Pois há lá melhores amigos!? Os livros, mas livros destes em que a alma dos bons anda sangrando por todas as suas páginas; livros que eu beijo de joelhos, como se enternecidamente beijasse as mãos benditas dos que os escreveram! Lê os versos de António Nobre, o meu santo poeta da Saudade. Lê o «Fel» de José Douro, o malogrado poeta esquecido e desprezado. Lê «Doida de Amor» de Antero de Figueiredo, e depois diz-me se eles te irritam!…
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços… São os teus braços dentro dos meus braços, Via Láctea fechando o Infinito.
Ninguém é competente, ninguém vale um pataco e, dum dia para o outro, de descalços aparecem calçados, de rotos aparecem vestidos sem ninguém saber como.
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Li um dia, não sei onde,
Que em todos os namorados
Uns amam muito, e os outros
Contentam-se em ser amados.
Nem saúde, nem dinheiro, nem liberdade. A pantera está enjaulada e bem enjaulada, até que a morte lhe venha cerrar os olhos, e da sua miserável carcaça cinzele um tronco robusto a latejar de seiva, ou uma sôfrega raiz a procurar fundo a água que lhe mate a sede.
Procurei o amor que me mentiu. Pedi à vida mais do que ela dava.
Tenho a alma tão dolorida sempre! Um nada me magoa, nem sei porquê.