E não haver gestos novos nem palavras novas!
Frases de Florbela Espanca
260 resultadosUm grande amor é sempre grave e triste.
Nasci sensitiva e assim hei-de morrer, muito provavelmente… nós somos o que somos e não o que quereríamos ser; não te parece? Tens que me aceitar como eu sou visto que só assim eu creio que me possam ter amor.
Meu coração, inundado
Pela luz do teu olhar,
Dorme quieto como um lírio,
Banhado pelo luar.
O meu amigo sabe rir, eu não sei rir nem chorar; trago às costas o peso duma floresta inteira, sem saber porquê nem para quê, e caminho sem saber donde vim nem para onde vou. Tudo isto é tão feio e tão sujo e tão triste!
Se soubessem como eu sou hipócrita!
Tenho dois livros: um de prosa, outro de versos, na gaveta, onde provavelmente ficarão todo o resto da minha vida, pois a minha incapacidade perante a vida prática é cada vez maior, e a minha triste qualidade de inadaptável é cada vez mais forte.
Para as traições, para as mentiras, para o que é vil e falso, tem a gente remédio: tem o orgulho; mas para a dor que te faz mal, para essa nenhum remédio há.
Viver sozinha no mundo
É a minha triste sorte.
Ai quem me dera trocá-la
Embora fosse pla morte!
Lutar pela felicidade não vale a pena: somos todos de antemão os vencidos.
A memória prega-nos destas partidas: leva-nos coisas interessantes e deixa-nos as banalidades, os factos sem interesse.
A minha vida! Que “gâchis”! Se eu nem mesmo sei o que quero!
O amor dum homem? – Terra tão pisada!
Gota de chuva ao vento baloiçada…
Um homem? – Quando eu sonho o amor dum deus!…
Os mortos não voltam, e é melhor que assim seja… Que vergonha se voltassem! Onde há por aí uma alma de vivo que se tivesse mantido digna de semelhante prodígio?… Eles vão, e a gente fica, e ri, e canta, e deseja, e continua a viver! Mutilados, amputados, às vezes do melhor de nós mesmos, a gente é como estes vermes repugnantes que, cortados aos pedaços, criam novas células, completam-se e continuam a rastejar e a viver! É uma miséria, é, mas é assim!
Por aquela tão doce e tão breve ilusão Embora nunca mais Depois de que a vi desfeita Eu volte a ser quem fui Sem ironia aceita A minha gratidão
A respeito de política (…) eu continuo a não ter fé em ninguém e a achar todos os mesmos.
Nas coisas luminosas deste mundo,
A minha alma é o túmulo profundo
Onde dormem, sorrindo, os deuses mortos!
Até hoje, todas as minhas cartas de amor não são mais que a realização da minha necessidade de fazer frases. Se o Prince Charmant vier, que lhe direi eu de novo, de sincero, de verdadeiramente sentido? Tão pobres somos que as mesmas palavras nos servem para exprimir a mentira e a verdade!
O destrambelhamento dos nervos não me deixa viver em paz, como sabe viver a outra gente.
A questão dinheiro não me prende duma maneira exagerada, se bem que me não desagradasse ganhar algum para satisfazer os meus dois vícios: flores e livros.