Já não adianta nada dizer que matar em nome de Deus é fazer de Deus um assassino. Para os que matam em nome de Deus, Deus é o Pai poderoso que juntou antes a lenha para o auto-de-fé e agora prepara e coloca a bomba.
Frases de José Saramago
333 resultadosNa minha opinião, ser escritor não é apenas escrever livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma intervenção.
Cada segundo que passa é como uma porta que se abre para deixar entrar o que ainda não sucedeu.
Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos façamos tudo para não viver inteiramente como animais.
Foi-me perguntado (nunca falha) que conselho daria eu a um jovem aspirante a escritor, e eu respondi como sempre: não ter pressa (como se eu não a tivesse tido nunca) e não perder tempo (como se eu não o tivesse perdido jamais). E ler, ler, ler…
O tempo das verdades plurais acabou. Vivemos no tempo da mentira universal. Nunca se mentiu tanto. Vivemos na mentira, todos os dias.
Dificílimo ato é o de escrever, responsabilidade das maiores.
Creio que o escritor escreve para si mesmo. Não existe para salvar o mundo. Quando muito, o escritor estabelece pontes com os seus leitores.
A verdade só pede olhos que a vejam. O pior é quando as pessoas teimam em olhar para o outro lado…
Só escrevo sobre aquilo que não sabia antes de o ter escrito. Deve ser por isso que os meus livros não se repetem. Vou-me repetindo eu neles, porque, ainda assim, do pouco que continuo a saber, o que melhor conheço é este que sou.
Cada dia traz sua alegria e sua pena, e também sua lição proveitosa
Acho que a sabedoria consiste em saber renunciar e ter consciência disso, de que é impossível conhecer o nosso próprio nome.
O poeta não será mais que memória fundida nas memórias, para que um adolescente possa dizer-nos que tem em si todos os sonhos do mundo, como se ter sonhos e declará-lo fosse primeira invenção sua. Há razões para pensar que a língua é, toda ela, obra de poesia.
A intuição não é mais do que uma ferramenta não consciente da razão, e as contradições e oposições entre a razão e a intuição, sempre beligerantemente proclamadas, não passam de uma falácia.
Estabeleceu-se e orientou-se uma tendência para a preguiça intelectual e nessa tendência os meios de comunicação têm uma responsabilidade.
Fizemos dos olhos uma espécie de espelhos virados para dentro, com o resultado, muitas vezes, de mostrarem eles sem reserva o que estávamos tratando de negar com a boca.
A alegoria chega quando descrever a realidade já não nos serve. Os escritores e artistas trabalham nas trevas e, como cegos, tacteiam na escuridão.
Gramsci deixou escrito o retrato fiel daquilo que eu sou: «Pessimista pela razão, optimista pela vontade». Isso diz tudo.
A nossa escolha não tem por que ser feita entre socialismos que foram pervertidos e capitalismos perversos de origem, mas entre a humanidade que o socialismo pode ser e a inumanidade que o capitalismo sempre foi.
É a literatura o que, inevitavelmente, faz pensar. É a palavra escrita, a que está no livro, a que faz pensar. E neste momento é a última na escala de valores.