Frases de José Saramago

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Frases de José Saramago. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

Toda a gente fala de direitos humanos e ninguém de deveres, talvez fosse uma boa ideia inventar um Dia dos Deveres Humanos.

Não romantizo nada o ofício de escrever. No fundo, romantizá-lo é outra maneira de parecer interessante.

O meu comportamento é absurdo: não sei defender-me, entrego-me a cada entrevista como se tivesse a vida em jogo. Às vezes parece-me surpreender na cara dos jornalistas uma expressão de assombro. Imagino que estarão a pensar: «Por que tomará ele isto tão a peito?».

Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor.

A palavra mais necessária nos tempos em que vivemos é a palavra não. Não a muita coisa, não a uma quantidade de coisas que eu me dispenso de enumerar.

Não há nada mais triste que uma ausência (…), só fica uma pungente melancolia, esta que faz (…) sentar ao cravo e tocar um pouco, quase nada, apenas passando os dedos pelas teclas como se estivessem olhando um rosto quando já as palavras foram ditas ou são de menos.

Não há formação para se ser escritor. Passe por onde passe, o escritor é sempre um autodidacta. Quando se senta pela primeira vez e escreve as primeiras palavras, não lhe serve de muito ter andado na universidade, ou na outra, a que chamamos universidade da vida. Serve, mas não é por isso que escreve. (…) O que acontece é que talvez nos achemos demasiado importantes, demasiado interessantes.

Eu sou ateu, mas sempre me senti atraído pelo fenómeno religioso. Interessa-me a religião como instituição de poder que se exerce sobre as almas e os corpos.

Da mesma forma que a religião não pode viver sem a morte, também o capitalismo não só vive da pobreza como a multiplica.

Eu não gosto de falar de felicidade, mas sim de harmonia: viver em harmonia com a nossa própria consciência, com o nosso meio envolvente, com a pessoa de quem se gosta, com os amigos. A harmonia é compatível com a indignação e a luta; a felicidade não, a felicidade é egoísta.

Qualquer idade é boa para aprender. Muito do que sei aprendi-o já na idade madura e hoje, com 86 anos, continuo a aprender com o mesmo apetite.

Ao poder, a primeira coisa que se diz é «não». Não por ser um «não», mas porque o poder tem de ser permanentemente vigiado. O poder tem sempre tendência para abusar, para exorbitar.

Falo de uma mudança que levasse as pessoas a pensar que isto não é bastante para viver como ser humano. Não pode ser. Se nós nos convertemos em pessoas que só se interessam pelos seus próprios interesses, vamos converter-nos em feras contra feras. E aliás é isto o que está a acontecer.

O que dá o verdadeiro sentido ao encontro é a busca, e é preciso andar muito para se alcançar o que está perto.

Numa Europa incapaz de questionar-se a si própria, a postura hoje mais comum é a de uma resignação que tocou o fundo. Escusado será dizer que nenhum estado de espírito poderia convir melhor a um projecto imperial alemão que deixou de dar-se ao trabalho de se disfarçar: ainda o jogo ia no princípio, e já o tínhamos perdido…

Triunfar significa ter e ter mais, abandonando algo que foi importante, aquilo a que chamamos ser mais conscientes, mais solidários, mais unidos aos sentimentos.

Por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o mais horrendo e cruel.