Espíritos Dirigentes e seus Instrumentos
Vemos grandes estadistas e, em geral, todos aqueles, que devem servir-se de muitas pessoas para a execução dos seus planos, comportarem-se ora de uma maneira, ora de outra: ou seleccionam muito apurada e cuidadosamente as pessoas que convêm aos seus projectos e lhes deixam, depois, uma liberdade relativamente grande, porque sabem que a natureza desses indivíduos escolhidos os impele precisamente para onde eles próprios querem que eles vão; ou, então, escolhem mal, pegam mesmo no que têm à mão, mas formam a partir desse barro algo que serve para os seus fins. Este último género é o mais violento, também o que procura instrumentos mais submissos; o seu conhecimento dos homens é, habitualmente, muito mais escasso, o seu desprezo pelos homens é maior do que no caso dos espíritos mencionados em primeiro lugar, mas a máquina, que eles constroem, trabalha melhor, de maneira geral, que a máquina saída da oficina daqueles.
Passagens de Friedrich Nietzsche
871 resultadosMatrimônio: chamo assim à vontade de dois criarem um, que seja mais do que aqueles que o criaram. O matrimônio é o respeito recíproco: respeito recíproco dos que coincidem em tal vontade.
O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo.
Não há no mundo amor e bondade bastantes para que ainda possamos dá-los a seres imaginários
Não é a falta de amor, mas a falta de amizade que faz os casamentos infelizes.
A Dialéctica é o Último Recurso
A dialéctica só se adopta quando não se pode utilizar nenhum outro meio. Sabe-se que com ela se inspira desconfiança, que ela persuade pouco. Nada é mais fácil de suprimir que o efeito de um dialéctico: a experiência de toda a reunião em que haja discursos prova-o. A dialéctica só pode ser um recurso coagido, nas mãos dos que não têm já outras armas. É preciso que se tenha de conseguir pela força os próprios direitos: antes não se faz nenhum uso dela.
A principal mentira é a que contamos a nós mesmos.
Um grande objectivo torna-vos superior, não somente às vossas acções e aos vossos juízes, mas à própria justiça.
A esperança e o pressentimento lhe dão asas.
Dizemos bom aquele que quer ser sempre o primeiro, mas também dizemos bom aquele que não deseja sobrepor-se a ninguém.
Encontra-se sempre, aqui e ali, algum semi-deus que consegue viver em condições terríveis, e viver vencedor! Quereis ouvir os seus cantos solitários? Escutai a música de Beethoven.
O verdadeiro homem quer duas coisas: perigo e jogo. Por isso quer a mulher: o jogo mais perigoso.
A consciência é a última e mais tardia evolução da vida orgânica e, por conseguinte, o que nela existe de menos acabado e de mais frágil.
As concepções religiosas, estéticas e morais não foram, por certo, numa qualquer época desconhecida, senão uma só.
Quando por acaso a verdade conseguiu vencer, perguntai a vós próprios com uma forte desconfiança: ”Que poderoso erro se bateu por ela?”.
DEVE-SE FALAR somente quando não se pode calar e falar somente do que se superou: tudo o mais é tagarelice, literatura, falta de disciplina.
A força da metáfora mais poderosa que já existiu até aqui não passa de miséria e bagatela ao lado deste retorno da língua à natureza da expressão figurada.
Há uma inocência na admiração: é a daquele a quem ainda não passou pela cabeça que também ele poderia um dia ser admirado.
Tudo evoluiu; não há realidades eternas: tal como não há verdades absolutas.
Cada um Usa a História da Forma que a Sente
A história pertence ao ser vivo por três razões: porque ele é activo e ambicioso; porque tem o gosto pela conservação e pela veneração; porque sofre e tem necessidade de libertação. A essa relação tripla corresponde a forma tripla da história, na medida em que é permitido distingui-las: história monumental, história tradicionalista, história crítica.
(…) Quando o homem que quer criar grandes coisas precisa do passado, usa a história monumental. Ao contrário, aquele que quer perpetuar o que é habitual e há muito venerado ocupa-se do passado mais como antiquário do que como historiador. Apenas aquele que a necessidade presente sufoca e quer a qualquer preço afastar o seu peso sente a necessidade de uma história crítica, isto é, que julga e condena.