Quando, alguma vez, a liberdade irrompe numa alma humana, os deuses deixam de poder seja o que for contra esse homem.
Passagens de Jean-Paul Sartre
69 resultadosO desejo exprime-se por uma carícia, tal como o pensamento pela linguagem.
É sempre fácil obedecer, se se sonha comandar.
O homem tem de se inventar todos os dias.
O conceito de inimigo não é completamente certo e claro, a não ser que o inimigo esteja separado de nós por uma barreira de fogo.
Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão.
A vergonha, isso passa quando a vida é longa.
A violência faz-se passar sempre por uma contra-violência, quer dizer, por uma resposta à violência alheia.
Toda a teoria sobre a memória implica uma pressuposição sobre o ser do passado.
O homem deve ser inventado a cada dia.
Antes de Vivermos, a Vida é Coisa Nenhuma
O homem começa por existir, isto é, o homem é de início o que se lança para um futuro e o que é consciente de se projectar no futuro. O homem é primeiro um projecto que se vive subjectivamente, em vez de ser musgo, podridão ou couve-flor; nada existe previamente a esse projecto; nada existe no céu ininteligível, e o homem será em primeiro lugar o que tiver projectado ser. Não o que tiver querido ser. Porque o que nós entendemos ordinariamente por querer é uma decisão consciente, e para a generalidade das pessoas posterior ao que se elaborou nelas. Posso querer aderir a um partido, escrever um livro, casar-me: tudo isto é manifestação de uma escolha mais original mais espontânea do que se denomina por vontade.
(…) Escreveu Dostoievsky: «Se Deus não existisse, tudo seria permitido.» É esse o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, e, por conseguinte, o homem encontra-se abandonado, porque não encontra em si, nem fora de si, a que agarrar-se. Ao começo não tem desculpa. Se, na verdade, a existência precede a essência, não é possível explicação por referência a uma natureza humana dada e hirta;
Todos os Escritos Possuem um Sentido
Não queremos ter vergonha de escrever e não sentimos a necessidade de falar para não dizer nada. De resto, ainda que o desejássemos, não o conseguiríamos: ninguém pode conseguir isso. Todos os escritos possuem um sentido, mesmo que esse sentido esteja muito afastado daquele que o autor tenha pensado dar-lhe. Para nós, com efeito, o escritor não é Vestal nem Ariel: está «metido no caso», faça o que fizer, marcado, comprometido, mesmo no seu mais profundo afastamento. Se, em certas épocas, utiliza a sua arte para forjar bugigangas de inanidade bem soante, até isso é significativo: é porque há uma crise das letras e, sem dúvida, da sociedade.
O mal só pode ser vencido por outro mal.
Ser homem é tender a ser Deus; ou, caso se prefira, o homem é fundamentalmente desejo de ser Deus.
O homem não é nada mais do que aquilo que faz a si próprio.
A experiência mostra que os homens vão sempre para baixo, que é preciso corpos sólidos para os conter.
O homem tem de poder escolher a vida em todas as circunstâncias.
O dinheiro não tem ideias.
De facto, somos uma liberdade que escolhe, mas não escolhemos ser livres: estamos condenados à liberdade.
O que é o materialismo, senão o estado do homem que se afastou de Deus; (…) ele passa unicamente a preocupar-se com os seus interesses terrestres.