O dinheiro não tem ideias.
Passagens de Jean-Paul Sartre
69 resultadosDe facto, somos uma liberdade que escolhe, mas não escolhemos ser livres: estamos condenados à liberdade.
O que é o materialismo, senão o estado do homem que se afastou de Deus; (…) ele passa unicamente a preocupar-se com os seus interesses terrestres.
No ponto de partida não pode haver outra verdade além desta: «penso, logo existo», esta é a verdade absoluta da consciência alcançando-se a si mesma.
Estar morto é estar entregue aos vivos.
Crítica Efémera
Por muito alto que nos coloquemos para julgar a nossa época, nunca será tão alto como o historiador futuro; a montanha onde pensamos fazer o nosso ninho de águia não passará para ele dum ninho de toupeira; a sentença que demos à nossa época figurará entre as peças do nosso processo. Em vão tentaremos ser o nosso próprio historiador: o próprio historiador é personagem histórica. Devemos concentrar-nos em fazer a nossa história às cegas, dia a dia, escolhendo entre todos os partidos aquele que nos parecer ser presentemente o melhor; mas nunca poderemos tomar para com ela os ares altivos que fizeram a fortuna de Taine e Michelet; nós estamos dentro dela. O mesmo acontece com o crítico: é em vão que inveja o historiador das ideias.
Existimos em Função do Futuro
Tentai apreender a vossa consciência e sondai-a. Vereis que está vazia, só encontrareis nela o futuro. Nem sequer falo dos vossos projectos e expectativas: mas o próprio gesto que surpreendeis de passagem só tem sentido para vós se projectardes a sua realização final para fora dele, fora de vós, no ainda-não. Mesmo esta taça cujo fundo não se vê – que se poderia ver, que está no fim de um movimento que ainda não se fez -, esta folha branca cujo reverso está escondido (mas poderia virar-se a folha) e todos os objectos estáveis e sólidos que nos rodeiam ostentam as suas qualidades mais imediatas, mais densas, no futuro.
O homem não é de modo nenhum a soma do que tem, mas a totalidade do que não tem ainda, do que poderia ter. E, se nos banhamos assim no futuro, não ficará atenuada a brutalidade informe do presente? O acontecimento não nos assalta como um ladrão, visto que é, por natureza, um Tendo-sido-Futuro.
Nunca julgamos aqueles a quem amamos.
Basta que um homem odeie outro para que o ódio ganhe a pouco e pouco a humanidade inteira.
Para saber uma verdade qualquer a meu respeito, é preciso que eu passe pelo outro.
Um louco jamais faz senão realizar à sua maneira a condição humana.
A felicidade não está em fazer o que a gente quer e sim em querer o que a gente faz.
Por mim, creio que estamos mortos há muito tempo: morremos no exacto momento em que deixamos de ser úteis.
Ser-se livre não é fazermos aquilo que queremos, mas querer-se aquilo que se pode.
Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem.
Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem.
Não há necessidade de grelhas, o inferno são os outros.
Eu era uma criança, esse monstro que os adultos fabricam com as suas mágoas.
Se os comunistas têm razão, então eu sou o louco mais solitário em vida. Se eles estão errados, então não há esperança para o mundo.
Ser é Escolher-se
Para a realidade humana, ser é escolher-se: nada lhe vem de fora, nem tão-pouco de dentro, que possa receber ou aceitar. Está inteiramente abandonada, sem auxílio de nenhuma espécie, à insustentável necessidade de se fazer ser até ao mais ínfimo pormenor. Assim, a liberdade não é um ser: é o ser do homem, quer dizer, o seu nada de ser. (…) O homem não pode ser ora livre, ora escravo; ele é inteiramente e sempre livre, ou não é.