Psicanálise e Arte
As criações, obras de arte, sĂŁo imaginárias satisfações de desejos inconscientes, do mesmo modo que os sonhos, e, tanto como eles, sĂŁo, no fundo, compromissos, dado que se vĂŞem forçadas a evitar um conflito aberto com as forças de repressĂŁo. Todavia, diferem dos conteĂşdos narcisistas, associais, dos sonhos, na medida em que sĂŁo destinadas a despertar o inteesse noutras pessoas e sĂŁo capazes de evocar e satisfazer os mesmos desejos que nelas se encontram inconscientes. Ă€ parte isto, fazem uso do prazer perceptivo da beleza formal, aquilo a que chamei um prĂ©mio-estĂmulo. Aquilo que a psicanálise foi capaz de fazer consistiu em captar as relações entre as impressões da vida do artista, as suas experiĂŞncias causais e as suas obras e, a partir delas, reconstruir a sua constituição e os impulsos que se movem dentro dele. NĂŁo se deve julgar que o salaz que procura uma obra de arte se anule pelo conhecimento obtido pela análise. A este respeito Ă© possĂvel que o profano espere acaso demasiado da análise, mas deve advertir-se que ela nĂŁo esclarece os dois problemas que sĂŁo, provavelmente, os mais interessantes para ele: nĂŁo esclarece quanto Ă natureza dos dotes do artista, nem pode explicar os meios de que o artista se serve para trabalhar a tĂ©cnica artĂstica.
Citações sobre Narcisistas
3 resultadosDiferentes Caminhos para uma Felicidade Sempre Insuficiente
O objectivo para o qual o princĂpio do prazer nos impele — o de nos tornarmos felizes — nĂŁo Ă© atingĂvel; contudo, nĂŁo podemos — ou melhor, nĂŁo temos o direito — de desistir do esforço da sua realização de uma maneira ou de outra. Caminhos muito diferentes podem ser seguidos para isso; alguns dedicam-se ao aspecto positivo do objectivo, o atingir do prazer; outros o negativo, o evitar da dor. Por nenhum destes caminhos conseguimos atingir tudo o que desejamos. Naquele sentido modificado em que vimos que era atingĂvel, a felicidade Ă© um problema de gestĂŁo da libido em cada indivĂduo. NĂŁo há uma receita soberana nesta matĂ©ria que sirva para todos; cada um deve descobrir por si qual o mĂ©todo atravĂ©s do qual poderá alcançar a felicidade. Toda a espĂ©cie de factores irá influenciar a sua escolha. Depende da quantidade de satisfação real que ele irá encontrar no mundo externo, e atĂ© onde acha necessário tornar-se independente dele. Por fim, na confiança que tem em si prĂłprio do seu poder de modificar conforme os seus desejos. Mesmo nesta fase, a constituição mental do indivĂduo tem um papel decisivo, para alĂ©m de quaisquer considerações externas. O homem que Ă© predominantemente erĂłtico irá escolher em primeiro lugar relações emocionais com os outros;
As Personagens dos Meus Livros
Claro que vivo com as personagens dos meus livros, embora as nĂŁo conheça. Nenhuma delas se encaixa, inteiramente, em pessoas que conheci. É verdade que, numa ou noutra pessoa que tenha conhecido, colhi e observei coisas naturalmente reflectidas em personagens do livro. Mas tal nĂŁo acontece imediatamente, quer dizer, nĂŁo as torna identificáveis com as pessoas que andam por aĂ. Quem afirmar o contrário dá-me uma grande novidade. E se alguĂ©m se reconhece nelas tenho de atribuir tal facto a um exacerbado narcisismo, que me dá vontade de rir. NĂŁo, nĂŁo sou contra nem a favor dos narcisistas. SĂł que me parece que o narcisismo nĂŁo leva a grandes consequĂŞncias…