Poemas sobre Alegria de Fernando Pessoa

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Poemas de alegria de Fernando Pessoa. Leia este e outros poemas de Fernando Pessoa em Poetris.

Entre o Luar e a Folhagem

Entre o luar e a folhagem,
Entre o sossego e o arvoredo,
Entre o ser noite e haver aragem
Passa um segredo.
Segue-o minha alma na passagem.

TĂȘnue lembrança ou saudade,
PrincĂ­pio ou fim do que nĂŁo foi,
NĂŁo tem lugar, nĂŁo tem verdade.
Atrai e dĂłi.

Segue-o meu ser em liberdade.

Vazio encanto Ă©brio de si,
Tristeza ou alegria o traz?
O que sou dele a quem sorri?
Nada Ă© nem faz.
SĂł de segui-lo me perdi.

Chove ? Nenhuma Chuva Cai…

Chove? Nenhuma chuva cai…
EntĂŁo onde Ă© que eu sinto um dia
Em que ruĂ­do da chuva atrai
A minha inĂștil agonia ?

Onde é que chove, que eu o ouço?
Onde é que é triste, ó claro céu?
Eu quero sorrir-te, e nĂŁo posso,
Ó cĂ©u azul, chamar-te meu…

E o escuro ruĂ­do da chuva
É constante em meu pensamento.
Meu ser Ă© a invisĂ­vel curva
Traçada pelo som do vento…

E eis que ante o sol e o azul do dia,
Como se a hora me estorvasse,
Eu sofro… E a luz e a sua alegria
Cai aos meus pés como um disfarce.

Ah, na minha alma sempre chove.
HĂĄ sempre escuro dentro de mim.
Se escuro, alguém dentro de mim ouve
A chuva, como a voz de um fim…

Os céus da tua face, e os derradeiros
Tons do poente segredam nas arcadas…

No claustro sequestrando a lucidez
Um espasmo apagado em Ăłdio Ă  Ăąnsia
PÔe dias de ilhas vistas do convés

No meu cansaço perdido entre os gelos,

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Dorme, que a Vida Ă© Nada!

Dorme, que a vida Ă© nada!
Dorme, que tudo Ă© vĂŁo!
Se alguém achou a estrada,
Achou-a em confusĂŁo,
Com a alma enganada.

NĂŁo hĂĄ lugar nem dia
Para quem quer achar,
Nem paz nem alegria
Para quem, por amar,
Em quem ama confia.

Melhor entre onde os ramos
Tecem docéis sem ser
Ficar como ficamos,
Sem pensar nem querer,
Dando o que nunca damos.

Brilha uma Voz na Noute…

Brilha uma voz na noute
De dentro de Fora ouvi-a…
Ó Universo, eu sou-te…
Oh, o horror da alegria
Deste pavor, do archote
Se apagar, que me guia!

Cinzas de idéia e de nome
Em mim, e a voz:Ó mundo,
Sermente em ti eu sou-me…
Mero eco demim, me inundo
De ondas de negro lume
Em que pra Deus me afundo.