Ode Ă Amizade
Se depois do infortĂșnio de nascermos
Escravos da Doença e dos Pesares
Alvos de Invejas, alvos de CalĂșnias
Mostrando-nos a campa
A cada passo aberta o Mar e a Terra;
Um raio despedido, fuzilando
Terror e morte, no rasgar das nuvens
O tenebroso seio
A Divina Amizade nĂŁo viera
Com piedosa mĂŁo limpar o pranto,
Embotar com dulcĂssono conforto
As lanças da Amargura;
O Såbio espedaçara os nós da vida
Mal que a RazĂŁo no espelho da ExperiĂȘncia
Lhe apontasse apinhados inimigos
C’o as cruas mĂŁos armadas;
Terna Amizade, em teu altar tranquilo
Ponho â por que hoje, e sempre arda perene
O vago coração, ludĂbrio e jogo
Do zombador Tirano.
Amor me deu a vida: a vida enjeito,
Se a Amizade a nĂŁo doura, a nĂŁo afaga;
Se com mais fortes nĂłs, que a Natureza,
Lhe nĂŁo ata os instantes.
Que só ditosos são na aberta liça
Dois mortais, que nos braços da Amizade,
Estreitos se unem, bebem de teu seio
NectĂĄrea valentia.
Tu cerceias o mal, o bem dilatas,
E as almas que cultivas cuidadosa,
Poemas sobre Amargura de Filinto ElĂsio
2 resultadosĂ Minha Morte
Sei, que um dia fatal me espera, e talha
A minha vida o estame:
Nem Prosérpina evita uma só frente.
Sei que vivi: mas quando
Tem de soltar-se, ignoro, o vivo laço;
E se claros, ou turvos
Se hĂŁo-de erguer para mim os sĂłis vindouros. â
Pois, que ao sevo Destino
Me Ă© vedado fugir, fugi ao longe
Roazes Amarguras,
Que estes permeios anos minar vĂnheis.
Rir quero â e mui folgado,
De vos ver ir correndo, de encolhidas,
Escondendo na fuga,
As caudas dos medonhos ameaços.
Quero, entre mil saĂșdes,
De vermelha, faustĂssima alegria
Ir passando em resenha,
Taça após taça, a lista dos amigos,
E o coro das formosas,
Que a vida me entreteram com agrado.
E reforçado e lesto
C’o nĂ©ctar da videira, as mĂŁos travando
Co’as engraçadas Musas,
Em dança festival, com pé ligeiro,
Na matizada relva,
Cansar de tanto jĂșbilo o meu sp’rito,
Que se vĂĄ (sem que o sinta)
Continuar o baile nos ElĂsios)
Entre o Garção e Horåcio.
De lĂĄ, em novas Odes,