Poemas sobre Amigos

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Poemas de amigos escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Males de Anto

A Ares n’uma aldeia

Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doença era a minha,
Porque eram todas, eu sei lá! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes nĂŁo ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, ás vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de Camões!
Sei de cór e salteado as minhas afflicções:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os pĂ©s n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgraças.
Andava, á noite, só, bebia a noite ás taças.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas mĂŁos… Perdoae-me,
Aldeões! eu sei que vós sois puros. Desculpae-me.

Mas, atravez da minha dor,

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Meu Camarada e Amigo

Revejo tudo e redigo
meu camarada e amigo.
Meu irmĂŁo suando pĂŁo
sem casa mas com razĂŁo.
Revejo e redigo
meu camarada e amigo

As canções que trago prenhas
de ternura pelos outros
saem das minhas entranhas
como um rebanho de potros.
Tudo vai roendo a erva
daninha que me entrelaça:
canção não pode ser serva
homem não pode ser caça
e a poesia tem de ser
como um cavalo que passa.

É por dentro desta selva
desta raiva   deste grito
desta toada que vem
dos pulmões do infinito
que em todos vejo ninguém
revejo tudo e redigo:
Meu camarada e amigo.

Sei bem as mĂłs que moendo
pouco a pouco trituraram
os ossos que estĂŁo doendo
Ă queles que nĂŁo falaram.

Calculo até os moinhos
puxados a Ăłdio e sal
que a par dos monstros marinhos
vĂŁo movendo Portugal
— mas um poeta só fala
por sofrimento total!

Por isso calo e sobejo
eu que sĂł tenho o que fiz
dando tudo mas Ă  toa:
Amigos no Alentejo
alguns que estĂŁo em Paris
muitos que sĂŁo de Lisboa.

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Cantiga de Amigo

Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausĂŞncia tudo liso de espanto
e nem Camões Virgílio Shelley Dante
– o meu amigo está longe
e a distância é bastante.

Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mĂŁe nem pai
Ah não Camões Virgílio Shelley Dante!

– o meu amigo está longe
e a tristeza Ă© bastante.

Nada a nĂŁo ser este silĂŞncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai Camões Virgílio Shelley Dante:
o meu amigo está longe
e a saudade Ă© bastante!